Em entrevista ao ‘Visão’, o antigo autarca Paulo Ramalheira Teixeira relatou acontecimentos do fatídico 4 de março de 2001 que lhe saltam a memória, dia da queda da Ponte de Entre-os-Rios.
O antigo autarca saiu de casa sem ainda saber da gravidade da situação, e na altura pensou que estaria de volta em poucos minutos. Acabou por passar dois dias até voltar a ver a mulher e o filho recém-nascido e voltar a casa.
Em suas memórias, Paulo Teixeira refere que seguir-se-iam outros tantos dias praticamente sem ir a casa, tornando-se uma espécie de bombeiro involuntário. Hoje, dezoito anos após a tragédia, o hoje vereador do executivo municipal afirma que, se fosse necessário, faria tudo de novo: “Teria feito tudo outra vez”.
No entanto, após todo o ocorrido, Paulo Teixeira alerta que a situação pode não estar plenamente resolvida e a região ainda corre risco de vivenciar outra tragédia: “ainda não foi feita uma cartografia do rio. É preciso fazer o desassoreamento do Douro, sob pena de os barcos encalharem e virarem. Estamos a falar de 600 mil pessoas – turistas e embarcações comerciais – que passam aqui todos os anos. Desde 2003 nunca mais se tirou areia do Douro. Não nos podemos dar ao luxo de ter aqui outra tragédia.”
Da tragédia de Entre-os-Rios surgiu a Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia da Ponte de Entre os Rios (AFVT Entre-os-Rios), da qual o antigo autarca participa ativamente, que inicialmente foi constituída a Comissão dos Familiares das Vítimas para defender os interesses das famílias, posteriormente reconhecida como Instituição Particular de
Solidariedade Social. Enquanto IPSS o objectivo principal passou e passa pela construção de uma obra social de abrangência nacional, tendo como área de intervenção as crianças e jovens em risco, e desenvolve trabalho nessa âmbito.