As empresas têm-se queixado continuamente do mesmo: se as linhas criadas pelo governo para ajudar a ultrapassar o momento de confinamento que obrigou a fechar portas não produzirem efeitos, a economia vai morrer.
De acordo com o terceiro barómetro da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) sobre os impactos da covid-19, as empresas poderão nem sobreviver à fase de confinamento.
Segundo o CCIP, 77,5% das empresas sentem o impacto mais negativo nas vendas no mercado nacional e mais de metade se queixam de falhas ao nível da tesouraria – 16,2% das empresas reconhece mesmo que já que não conseguirá pagar salários e impostos relativos a abril.
87% das empresas inquiridas no barómetro da CCIP pedem a diminuição das restrições para promover a retoma económica. 43,8% das empresas decidiram pedir o fracionamento do pagamento de impostos, 38,1% vão diferir os pagamentos à segurança social, 36,9% consideram recorrer às linhas de crédito e 30% ao lay-off simplificado.
Em causa estão, de acordo com o Diário de Notícias, o facto de terem sido obrigadas a fechar portas devido ao estado de emergência, não terem tesouraria suficiente para fazerem face às despesas, burocracia e o atraso nas linhas de apoio e em medidas como o lay-off simplificado.
“Estamos todos convencidos de que os apoios agora disponibilizados não serão suficientes para as necessidades das empresas e estamos também conscientes de que haverá muitos casos em que nem com estes apoios será possível salvar as empresas dos efeitos provocados por esta pandemia. Mas o mais importante é que os apoios que estão criados cheguem verdadeiramente às empresas quanto antes. Senão será demasiado tarde para garantir a sobrevivência”, disse Bruno Bobone, presidente da CCIP, em declarações ao DN.
“O Estado prevê que os apoios criados cheguem durante esta semana às empresas, o que já será tarde. Mas aquilo que sabemos do mercado e no que respeita ao lay-off, é que estão a ser realizadas inspeções às empresas que recorreram a este recurso com uma exigência tal de informação que acredito que vamos ter problemas enormes no recebimento destas verbas. E isso vai matar a economia e as empresas”, sublinha, ao DN.
Quanto à reabertura da economia, a CCIP antecipa dificuldades. “Será exigido aos gestores uma grande capacidade de inovação num contexto de mercado completamente diferente”, disse Bobone, para quem é necessário “promover uma abertura gradual mas responsável”.
“Qualquer outro cenário que não este vai colocar os trabalhadores numa situação muito difícil de gerir, sem poderem regressar ao trabalho e com as empresas a viver um período de asfixia financeira e enorme pressão.”
O presidente da CCIP considera fundamental que “o Estado dê garantias às seguradoras de crédito para que estas possam continuar a permitir a continuidade das exportações, essenciais para a sobrevivência da economia portuguesa”.
Fonte: ZAP