A ideia original seria a de ligar as auto-estradas A4 e A25 pelo interior dos distritos de Aveiro e do Porto, que se encontram em carência de acessibilidades. Ligaria Penafiel a Sever do Vouga atravessando pelo meio os concelhos de Castelo de Paiva, Arouca e Vale de Cambra. Mas 17 anos após a queda da ponte Entre-os-Rios, a construção do IC 35 de facto não passa do papel, e a EN106 continua a ser a via principal de acesso entre Castelo de Paiva e Penafiel.
A tragédia chocou o Mundo e fez com que os políticos prometessem ao nosso concelho tudo. E de facto muitas obras foram concretizadas. De um pacote de 100 milhões de euros para Castelo de Paiva, Cinfães e Penafiel, foram investidos cerca de 90 milhões ao longo destes 17 anos.
Contudo, a obra que poderia tornar o município economicamente competitivo e permitir viagens mais seguras, o IC 35, não saiu do papel. A estrada de 14 quilómetros, para ligar Penafiel a uma das duas pontes levantadas após a tragédia, foi prometida por todos os governos, mas não foi concretizada por nenhum.
O actual presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, alega que “a culpa terá de ser atribuída a quem tem tomado decisões ao longo dos anos, adiando uma obra fundamental para o concelho”. Mas afirma acreditar na “vontade do actual Governo e no empenhamento do ministro do Planeamento”.
Em Penafiel, o otimismo é ainda menor. “A Câmara tem dificuldades em acreditar nas boas intenções do Governo. Se estivesse realmente interessado em resolver a situação, teria dado continuidade aos procedimentos do concurso lançado pelo anterior Governo para a construção do primeiro lanço do IC35, entre Penafiel e Rans, e que poderia estar já concluído”, critica Antonino de Sousa.
Já para o autarca de Cinfães, Armando Mourisco, “é inequívoco o atraso que tem provocado no desenvolvimento de um território que apresenta os indicadores de desenvolvimento mais frágeis do país”. E destaca “os transtornos causados na mobilidade, quer interna quer nas trocas comerciais externas, associadas aos inúmeros acidentes e vítimas que há muito justificavam a obra”.
O facto é que as promessas são muitas, mas poucas acções para concretizar uma real melhoria para a região.