Se será este um dos primeiros desenhos feito por humanos não sabemos, mas é o mais antigo encontrado até agora. Um grupo de investigadores encontrou-o na Caverna Blombos, na África do Sul.
Uma equipa de cientistas descobriu um desenho abstrato mais antigo conhecido na Caverna Blombos, na África do Sul, num pedaço de uma rocha siliciosa datada de há 73.000 anos atrás. Este desenho é, pelo menos, 30.000 anos mais velho do que os primeiros desenhos abstratos e figurativos até agora conhecidos.
A tarefa de analisar as primeiras produções gráficas não é nada fácil. Aliás, o que hoje interpretamos como representações figurativas, poderiam ter sido apenas rabiscos casuais sem um propósito especial.
Durante muito tempo, os arqueólogos estavam convencidos de que os primeiros símbolos surgiram quando o Homo sapiens colonizou áreas da Europa, há 40.000 anos. No entanto, descobertas arqueológicas recentes, encontradas em África, na Europa e na Ásia, sugerem que a criação e o uso de símbolos começou muito antes.
Segundo o New Scientist, a mais antiga gravura conhecida é um ziguezague esculpido na concha de um mexilhão de água doce, encontrado em Java, dentro de um estrato arqueológico de 540.000 anos.
Neste estudo recente, uma equipa internacional – que inclui cientistas da Universidade de Bordeaux, da Universidade de Toulouse-Jean Jaurès, do Centro Nacional da Pesquisa Científica francês e do Ministério da Cultura da França – explicou que o mais antigo desenho conhecido foi feito com um pedaço de ocre, utilizado como um lápis.
O rabisco foi identificado na superfície de um pequeno pedaço de rocha siliciosa (silcrete), enquanto os investigadores analisavam ferramentas de pedra recolhidas durante uma escavação na caverna sul-africana. O fragmento de silício vem de um estrato arqueológico com 73.000 anos, e tem um padrão cruzado composto por nove linhas finas.
O grande desafio que os cientistas tiveram foi provar que essas linhas foram deliberadamente desenhadas por humanos.
Para chegar a essa conclusão, especialistas em análise química de pigmentos, que participaram no estudo, reproduziram as mesmas linhas através de várias técnicas – como, por exemplo, desenhar com fragmentos pontiagudos de ocre ou aplicar diferentes diluições aquosas de ocre com um pincel.
Ao mesmo tempo, aplicaram técnicas de análise microscópica, química e tribológica e compararam os resultados com o desenho original. As descobertas confirmaram que as linhas foram mesmo desenhadas intencionalmente com um objeto pontiagudo numa superfície alisada através da fricção.
Este padrão constitui, então, o desenho mais antigo da história da humanidade. O artigo científico foi publicado esta quarta-feira na Nature.
“Estas observações apoiam a hipótese de que estes sinais eram de natureza simbólica e representavam um aspeto do comportamento do mundo moderno destes Homo sapiens, os antepassados de todos nós”, considera Christopher Henshilwood, arqueólogo sul-africano.