Uma equipa de cientistas australianos descobriu que o aquecimento dos oceanos está lentamente a mudar a forma como os tubarões nadam, tornado-os “destros”, revelou uma investigação.
Quando os cientistas falam sobre animais “canhotos” ou “destros”, referem-se ao que é conhecido como a “lateralização”, isto é, a tendência de uma ou outra metade do cérebro de controlar automaticamente certos comportamentos.
Tal como relata o portal Live Science, a equipa conduziu uma nova investigação para descobrir se o aumento da temperatura média da água do mar pode afetar a direção em que um tubarão se move. Para o estudo, os cientistas levaram 24 ovos de tubarão das águas do leste da Austrália.
Metade dos ovos foram incubados num tanque com água na temperatura atual (20,6 graus Celsius) e os 12 restantes foram incubados num tanque onde água estava a 23,6 graus Celsius – a temperatura estimada até o final do século, se as mudanças climáticas continuarem a desenvolver-se no ritmo atual.
Cinco dos tubarões incubados no tanque com as temperaturas mais altas morreram durante o primeiro mês após a eclosão. Os animais que sobreviveram foram transferidos para um tanque longo com uma divisória em forma de Y numa das extremidades. Atrás da divisória havia comida, e os tubarões só precisavam decidir se nadavam para a direita ou para a esquerda para chegar até ao “aperitivo”.
Os autores descobriram que os tubarões incubados em temperaturas elevadas mostraram uma forte preferência em virar para a direita. Os tubarões do outro grupo, em sentido oposto, não mostraram qualquer inclinação à esquerda ou à direita.
A explicação para essa tendência, avançaram os biólogos, está relacionada com o facto de os tubarões nascidos em águas mais quentes serem, de certo modo, forçados a desenvolverem-se mais rapidamente. Desta forma, os seus cérebros seriam menores comparativamente com os tubarões que se desenvolvem sob as condições atuais.
Com menos energia mental de sobra, os tubarões podem ter que automatizar certos comportamentos, como sempre virar para a direita.
“Como a lateralização comportamental é uma expressão da função cerebral, esta pode ser usada como um barómetro do desenvolvimento e da função normal do cérebro em determinados contextos. “Ou seja, a exposição ou desenvolvimento sob condições de mudança climática”, escreveram os investigadores num estudo publicado este maio na revista científica Symmetry.
A lateralização é um dos padrões fundamentais da organização do cérebro não só dos animais, como também dos próprios humanos.