“É evidente que há ainda um atraso no âmbito desta reconstrução. Temos indicação que neste momento já estarão a ser processadas as indemnizações e pagamentos para algumas das famílias das vítimas dos incêndios, mas no que diz respeito à reconstrução das habitações há aqui um processo burocrático e administrativo que tem que ser desencadeado”, afirmou Gonçalo Rocha, presidente da Câmara de Castelo de Paiva.
À exceção da fábrica de calçado que retoma hoje a sua produção, a Castelo de Paiva, um dos municípios do distrito de Aveiro afetado pelos fogos, só agora começam a chegar os apoios.
Segundo Gonçalo Rocha, “o valor que já está assumido por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte rondará os 1,4 milhões euros de apoios para a reconstrução das habitações” para cerca de 14 casas com destruição total e “seis a sete dezenas de habitações com danos parciais”.
Há precisamente um ano, as chamas consumiram mais de 60% do concelho e pelo caminho destruíram habitações e várias empresas, não se tendo, contudo, registado vítimas mortais.
“Eu preferiria que no dia a seguir tudo estivesse resolvido. De facto, é tempo em demasia um ano, sobretudo para quem está à espera e para quem tem a função de defender os seus munícipes, mas também tenho que compreender que, de facto, este trabalho tem de ser devidamente avaliado e escrutinado”, defendeu o autarca, sublinhado, contudo, que desde o primeiro momento foi “inexcedível” o empenho do Governo e de outras entidades públicas.
Ainda assim, reconheceu Gonçalo Rocha, que há no concelho “situações de munícipes que perderam tudo, sobretudo em casas que estavam alugadas e que só terão direito ao recheio”.
“E os valores que estão inscritos são valores que não acompanharão a dimensão do prejuízo que essas pessoas tiveram, sobretudo aquelas que não tinham seguros associados”, sublinhou.
No caso das empresas, acrescentou, algumas estão já em fase de recuperação, outras em fase de candidatura e uma retoma hoje a laboração.
Segundo o autarca, a empresa que há um ano empregava 85 trabalhadores e que foi destruída pelas chamas retoma a atividade com um outro empresário do setor do calçado.
Nesta primeira fase, a empresa abre com cerca de 30 trabalhadores na linha de costura e corte, sendo espectável que nas próximas semanas os restantes colaboradores que estejam disponíveis possam ser reintegrados e a laboração da empresa até reforçada com a entrada de novos colaboradores.
“É um final feliz para o qual todos nós trabalhamos muito para que fosse possível. E, portanto, um processo que está praticamente concluído, mas outros há que não estão e, portanto, há um longo caminho a fazer”, afirmou.
Segundo Gonçalo Rocha, em termos de apoio às empresas vão ser injetados cerca de 12 milhões de euros através do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IPMAI), e há ainda a garantia de um “apoio a 100%” no âmbito da linha criada pela União Europeia para o restabelecimento das infraestruturas que foram danificadas.
O autarca assumiu, contudo, que “no domínio da floresta não tem havido medidas muito objetivas de apoio” ficando aquém “daquilo que seria desejável”.
Já no domínio da agricultura, o presidente de Castelo de Paiva, garantiu que “houve efetivamente um apoio imediato”, ainda que se tenham verificado casos que, “por falta de informação, desconhecimento ou prazos das candidaturas demasiado curtos, acabaram por ser penalizados e ficaram de fora”.