A presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, Teresa Leal Coelho, refere que o relatório da auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD) que está a ser divulgado é uma versão “preliminar” e que o documento final foi “muito modificado”.
“É manifestamente diferente do relatório que foi divulgado”, referiu a deputada perante os deputados da Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), mostrando-se “muito preocupada” e considerando “lamentável como foi parar à praça pública”.
Em causa está a divulgação das conclusões de uma auditoria à gestão da CGD nos últimos 16 anos. A ex-deputada do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias divulgou o relatório na CMTV depois de a CGD ter recusado enviá-lo ao Parlamento. Entretanto, vários órgãos de informação têm partilhado as conclusões da auditoria que apurou que as sucessivas administrações da Caixa permitiram créditos e negócios ruinosos.
Mas Teresa Leal Coelho assegurou que falou com o presidente da CGD, Paulo Macedo, e com o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e que estes lhe garantiram que o documento que está a ser divulgado não é o relatório final.
A presidente da COFMA garantiu também que Paulo Macedo e Carlos Costa lhe garantiram que não tiveram acesso ao documento que está a ser noticiado.
A deputada do PSD acrescentou que falou com a Procuradora Geral da República (PGR), Lucília Gago, para que o relatório “verdadeiro” fosse libertado e entregue aos deputados da COFMA “com a maior rapidez possível”.
“A própria Caixa não recebeu esta versão“, disse Teresa Leal Coelho, acrescentando que o relatório que está a ser divulgado tem data de Dezembro de 2017 e o relatório final é de Junho de 2018.
O relatório final “é distinto do que está a ser neste momento divulgado por várias razões”, reforçou a deputada que afirmou desconhecer ambos os documentos, acrescentando que “nenhum elemento da Comissão teve acesso” aos mesmos.
“Em sede própria foi-nos sistematicamente negado o relatório e agora ele é divulgado e não na sua versão verdadeira”, lamentou Teresa Leal Coelho, considerando a situação “grave” e “disruptiva das instituições”.
A vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, confirmou à Lusa que a entidade supervisora recebeu a “versão final do relatório há bastante tempo” e que está a “tomar em conta as conclusões” da auditoria.
“Foi lida, foi interpretada e está a ser utilizada nas dimensões que interessa ao BdP, que são as de supervisão”, referiu Elisa Ferreira à margem de uma conferência.
A vice-governadora notou também que não conhece o teor do documento inicialmente divulgado por Joana Amaral Dias, manifestando que espera que “a sensatez colectiva mantenha a confiança no sistema bancário, porque este é fundamental para o bom funcionamento da economia”.
Fonte: ZAP