A bactéria Xylella fastidiosa, que ataca oliveiras e amendoeiras, chegou a Portugal através de plantas ornamentais, que não apresentam sintomas de doença. A sua presença em território nacional é, no entanto, “o suficiente para deixar muitos produtores assustados”.
Segundo avançou o Público, na quarta-feira, esta bactéria “era há muito temida“, tendo agora chegado a Vila Nova de Gaia “à boleia” de plantas do género Lavandula, conhecidas por lavanda, que não apresentam sintomas da doença.
A chegada desta bactéria a território nacional acontece um ano e meio depois de a mesma ter aparecido num olival na província espanhola de Alicante, apesar de Portugal manter, desde 2014, um programa nacional para impedir e limitar a sua propeção.
Desde que a bactéria foi detectada pela primeira vez na Europa, na região da Apúlia, província de Lecce (Itália), afectando uma vasta área de olival, “a sua presença nos olivais portugueses era esperada com grande apreensão“, informa o Público.
O género Xylella é composto por uma única espécie – a Xylella fastidiosa -, que inclui várias estirpes e carateriza-se por um crescimento lento em meios de cultura. As suas colónias crescem em meios artificiais, a 26-28°C e com o pH entre 6, 5-6 e 9, podendo ser lisas ou rugosas, opalescentes e circulares. É uma bactéria vascular que vive no xilema das plantas, sendo transmitida por insectos, explica o artigo.
As suas estirpes, acrescenta, foram divididas em cinco subespécies: Xylella fastidiosa subsp. piercei (que escolhe estirpes de videira), Xylella fastidiosa subsp. sandyi (loendro), Xylella fastidiosa subsp. multiplex (vários hospedeiros), Xylella fastidiosa subsp. pauca (que inclui ameixeira, cafeeiro e citrinos) e a Xylella fastidiosa subsp. tashke, identificada numa árvore ornamental designada por chitalpa (Chitalpa tashkentensis).
De acordo com o artigo, as consequências “mais dramáticas” da chegada da bactéria a Portugal podem surgir sobretudo no Alentejo, onde concentram-se dezenas de milhões de oliveiras, amendoeiras e outras árvores de fruto, que são o “‘habitat’ ideal para a propagação” de uma praga, principalmente em áreas de olival intensivo e superintensivo.
Um comunicado publicado na página da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), entidade que detetou a bactéria em Vila Nova de Gaia, indica que os trabalhos de levantamento de plantas sensíveis num raio de 100 metros (“zona infectada”) e a respetiva colheita de amostras “vão prosseguir ao longo dos próximos dias“.
Simultaneamente, terá início o processo de identificação da flora sensível ao agente bacteriano num raio de cinco quilómetros (“zona tampão”), em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e com as câmaras municipais de Vila Nova de Gaia e de Gondomar.
Será também divulgado um edital referente à zona demarcada, constituída pela zona infectada e pela zona tampão, identificando a área em causa.
As autoridades nacionais “desencadearam já todas as ações recomendadas, tendo em vista a identificação e contenção da situação”, sendo agora necessário apurar se as plantas de lavanda entraram em Portugal com ou sem passaporte fitossanitário. Estas espécies “só podem circular na União Europeia” acompanhadas por esse documento, “quer tenham sido ou não provenientes de zonas demarcadas”, refere ainda o artigo.
TP, ZAP //