Uma equipa de investigadores britânicos concluiu que quem acumula mais gordura na zona do abdómen apresenta uma maior probabilidade de redução do cérebro e de aparecimento de demência.
Com a linha da cintura em expansão, surgem também algumas preocupações. Um novo estudo, publicado recentemente na Neurology, fornece fortes evidências de que a massa corporal extra, nomeadamente a gordura que surge ao redor da barriga, está ligada a uma diminuição preocupante do volume cerebral.
“O estudo relacionou o encolhimento do cérebro ao declínio da memória e a um maior risco de demência, mas a pesquisa sobre se a gordura corporal extra é protetora ou prejudicial foi inconclusiva“, salvaguarda o principal autor Mark Hamer, da Universidade de Loughborough, na Inglaterra.
Alguns estudos sugeriram um declínio de alguns tipos de células cerebrais derivado do aumento dos níveis de gordura corporal. No entanto, nem todos os cientistas acreditam a 100% nestas descobertas, especialmente porque o peso pode variar nos anos anteriores ao diagnóstico de uma doença neurológica.
Para tentar desmistificar estes detalhes, os cientistas compararam as medições do índice de massa corporal (IMC) e o rácio de cintura para a anca com o volume de tecido nervoso portador da chamada “substância cinzenta” e o tecido de suporte da “substância branca” de 9.652 participantes com a idade média de 55 anos.
Além disso, os investigadores tiveram ainda em conta o impacto da idade, os índices de atividade física, de consumo de tabaco, álcool e de pressão arterial no cérebro.
A equipa apurou que 1.291 indivíduos com um alto IMC e com um elevada relação entre cintura e anca tinham igualmente os menores índices de matéria cinzenta no cérebro, cerca de 786 centímetros cúbicos.
Por sua vez, os 514 indivíduos que detinham um IMC elevado, mas um rácio de cintura-anca normal, tinham 793 centímetros cúbicos. Já os 3.025 voluntários com um peso saudável atingiam os 798 centímetros cúbicos. Relativamente ao volume de matéria branca no cérebro não se registaram alterações significativas.
Mark Hamer, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, disse ao The Telegraph que “pesquisas anteriores já haviam demonstrado que existe uma ligação entre a redução do cérebro e o declínio da memória e a probabilidade de surgimento de demência“. “A nossa pesquisa apurou que a obesidade, especificamente os índices elevados de gordura na zona abdominal, poderão estar relacionados com a diminuição do volume cerebral”.
Apesar de admitir que são necessárias pesquisas adicionais, o especialista considera ser possível, num futuro próximo, “medir regularmente o IMC e o rácio da cintura para anca de modo a determinar a saúde do cérebro“.