A eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, acusou no domingo o CDS-PP de branquear a imagem política do partido espanhol Vox e responsabilizou as forças de direita pela entrada da extrema-direita na Europa.
“Para algumas pessoas, o Vox não constitui uma ameaça. Ainda hoje li as palavras de Nuno Melo que não fez mais do que branquear a imagem política do Vox. Eu não me confundo. Partidos que defendem que se volte a agredir as mulheres sem punição, partidos que defendem uma agenda racista, xenófoba, que defendem os valores do fascismo, esses partidos não podem caber na democracia”, defendeu, citada pelo Sapo.
“Não branqueamos o fascismo. Não branqueamos o fascismo”, sublinhou.
Em entrevista à agência Lusa, o cabeça de lista do CDS-PP às europeias, Nuno Melo, disse também no domingo que o Vox não é um partido de extrema-direita, admitindo até que este venha a integrar a mesma família política europeia que CDS e PSD.
Segundo o eurodeputado e vice-presidente do CDS-PP, “90% do que está no programa do Vox encontra-se no [programa do] PP”, tal como “nos Ciudadanos encontra muito do PSOE e do PP”.
Para a bloquista, que falava no comício do partido no Porto, há apenas uma dimensão correta naquilo que foi dito por Nuno Melo, neste caso, o facto de o Vox ser uma criação do Partido Popular Europeu (PPE) “onde está o PSD e o CDS”.
“Sim, é verdade. O Vox, como a generalidade da extrema direita na União Europeia, infelizmente são criações das forças de direita e até das forças do centro-esquerda, que abriram o espaço à legitimação da agenda da extrema direita quando deixaram criar as narrativas de ameaça quando falamos de emigração, de insegurança quando falamos de refugiados”, afirmou.
E continuou: “Foram forças da social-democracia e do partido popular europeu que abriram as portas à extrema direita quando aplicaram as políticas de austeridade e disseram que não havia alternativa. Sim, ajudaram a criar esse vazio que deu azo ao crescimento da extrema direita”.
A candidata do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu avisou ainda que se dúvidas houvesse que “não há sociedades imunes a estas forças disfarçadas de democratas, mas portadoras dos fantasmas fascistas”, basta ver o que está a acontecer hoje em Espanha.
“Estas forças que já ocupam espaço em 10 países da União Europeia, seja enquanto governo, seja em coligação, dizia-se que nunca chegariam aqui ao lado, ao estado espanhol, e que dificilmente chegam a Portugal. Veremos de que forma estão a chegar a Espanha e lutaremos para que nunca cheguem a Portugal”, concluiu.
TP, ZAP //
Fonte: ZAP