Com o verão a aquecer Portugal, as temperaturas em algumas regiões estão a ultrapassar os 40 graus, conforme indicam previsões meteorológicas. Este calor intenso representa riscos significativos para a saúde, especialmente para o cérebro, podendo até aumentar a probabilidade de problemas neurológicos, como Alzheimer, a longo prazo. Um estudo conduzido pelo CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito revela como o calor extremo afeta o funcionamento cerebral e oferece orientações para proteger a saúde durante as ondas de calor.
Como o calor prejudica o cérebro
O calor excessivo pode comprometer o cérebro de várias formas, com efeitos que vão além do desconforto imediato. Segundo o estudo do CPAH, temperaturas elevadas sobrecarregam o sistema nervoso, desencadeando problemas como:
Elevação da temperatura corporal: O corpo humano mantém-se saudável a cerca de 37 graus Celsius. Quando esta temperatura aumenta, o cérebro trabalha mais para regular as funções vitais, o que pode resultar em sintomas como tonturas, fadiga ou até desmaios.
Desidratação: A perda de água afeta diretamente o cérebro, que é composto por cerca de 75% de água. Isso pode causar dores de cabeça, dificuldade de concentração e irritabilidade.
Danos celulares: Em casos graves, como golpes de calor, as células cerebrais podem sofrer lesões permanentes, levando a problemas neurológicos duradouros.
Influência da genética e dos neurotransmissores
O CPAH destaca que a resposta ao calor varia entre indivíduos devido a fatores genéticos. Algumas pessoas possuem variações genéticas que dificultam a regulação da temperatura corporal, tornando-as mais vulneráveis aos efeitos do calor no cérebro.
Além disso, o calor extremo pode desregular neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina, que são essenciais para o humor, o sono e a cognição. “O desequilíbrio desses neurotransmissores pode intensificar o stress, a ansiedade e até afetar a tomada de decisões”, indica o estudo do CPAH.
Áreas cerebrais afetadas
O calor intenso impacta várias regiões do cérebro, segundo o CPAH:
Hipotálamo: Regula a temperatura corporal e entra em stress com o calor excessivo.
Amígdala: Amplifica respostas emocionais, como ansiedade, em situações de desconforto térmico.
Córtex insular: Processa sensações de calor, podendo intensificar a perceção de dor.
Tronco cerebral: Controla funções vitais, como respiração e batimentos cardíacos, que podem ser desestabilizadas pelo calor.
Riscos a longo prazo
O estudo do CPAH aponta que a exposição repetida ao calor extremo pode ter consequências graves. “O stress térmico crónico pode causar inflamação no cérebro, contribuindo para o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, ao longo do tempo”, revela a pesquisa. Em casos de hipertermia severa, danos cerebrais permanentes, como problemas de memória ou dificuldades motoras, também são uma preocupação.
Grupos mais vulneráveis
Alguns grupos enfrentam maior risco durante ondas de calor, conforme identificado pelo CPAH:
Idosos: Têm menor capacidade de termorregulação e são mais propensos à desidratação.
Crianças: Perdem água rapidamente e regulam a temperatura com menos eficiência.
Pessoas com doenças crónicas: Condições como diabetes ou problemas cardíacos agravam a resposta ao calor.
Portadores de doenças neurodegenerativas: Doenças como Alzheimer tornam os indivíduos mais sensíveis aos efeitos do calor.
Estratégias para se proteger
Para minimizar os riscos do calor extremo, o CPAH recomenda:
Manter-se hidratado: Beba água regularmente, mesmo sem sentir sede, para proteger o cérebro e o corpo.
Evitar o sol nas horas mais quentes: Prefira atividades ao ar livre de manhã cedo ou ao final da tarde.
Usar roupas adequadas: Opte por tecidos leves e cores claras para facilitar a dissipação do calor.
Aplicar protetor solar: Proteja a pele contra queimaduras, que aumentam o stress térmico.
Procurar ambientes frescos: Fique em locais com sombra, ventilação ou ar condicionado.
Tomar banhos frescos: Duchas mornas ou frias ajudam a reduzir a temperatura corporal.
Usar ventiladores ou ar condicionado: Estes equipamentos ajudam a manter o ambiente mais confortável.
Quando procurar ajuda médica
O CPAH alerta para a importância de reconhecer sintomas graves que exigem atenção médica imediata:
Febre elevada: Pode indicar desidratação ou golpe de calor.
Convulsões: Um sinal preocupante de possível dano cerebral.
Alterações mentais: Confusão, desorientação ou sonolência excessiva requerem intervenção urgente.
Um verão mais seguro
O calor extremo é uma ameaça real à saúde cerebral, mas medidas simples podem fazer a diferença. “Compreender os impactos do calor no cérebro e adotar cuidados preventivos é essencial para proteger a saúde, especialmente em grupos mais vulneráveis”, reforça o estudo do CPAH.
Aproveite o verão em Portugal com responsabilidade, seguindo estas orientações. Mantenha a hidratação, evite a exposição prolongada ao sol e, em caso de sintomas preocupantes, procure ajuda médica. Proteger o cérebro é a chave para um verão saudável!