Texto e homenagem de Fabiano de Abreu
Figura emblemática, misteriosa e cativante. Tinha as suas convicções, mas era moldável, quem sabe não faltou quem o pudesse convencer.
Foi mascote do Café Central e quem sabe o Central não acabou para não ter que se despedir. Parece mais uma jogada de marketing cognitivo em que acaba antes que estrague uma boa lembrança.
O homem que conversava com os corvos, ou era um corvo disfarçado de homem? Gusto, Augusto, quem conhecia esses nomes? Já que era o famoso CORVO.
Ele que dizia que os corvos são inteligentes, ele era inteligente, viajado, com experiência, mas cheio de mistério. Era realmente um corvo.
Foram algumas conversas, histórias, esbarrões pela vila sempre com uma piada engraçada. Me lembro da sua tristeza com o fim do Central e do seu convite para tomarmos algo no Rui. Você chegou a dizer:
-Acabou o Central, acabou parte de mim. Pois é corvo, quando o que amamos acaba, acabamos aos poucos.
Você viveu menos na terra, mas viverá mais do que muitos hoje em dia na memória de uma maioria.
Voa corvo, pois sempre te verei a voar na beira do Paiva.