A Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos (APAM) exigiu, em Bissau, “a devolução
da nacionalidade portuguesa aos antigos militares nascidos na Guiné-Bissau que serviram o
exército português”.
“Eram portugueses e deixaram de o ser depois do 25 de abril de 1974. Quem defendeu e
morreu pela sua Pátria, quem jurou a bandeira portuguesa, quem cantou o Hino Nacional, tem
todo o direito de ser reconhecido como cidadão português”, disse Manuel Beninger,
presidente dessa entidade.
A APAM, com sede em Braga, homenageou, numa cerimónia realizada na sede da Associação
dos Ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesas (ADECOFARP), os antigos soldados
nascidos na Guiné-Bissau, antiga Guiné Portuguesa.
O ato contou com a presença do representante do Ministério da Defesa do Governo do país,
Carlos Costa, do Adido de Defesa da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, Coronel Carlos
Silvestre Oliveira, do representante da Liga dos Combatentes, Coronel Danif, e do presidente
da ADECOFARP-GB, Amadu Jau.
Estiveram também presentes no evento, em Bissau, mais de duas centenas de antigos
combatentes a quem foi entregue a “Medalha de Honra e Glória ao Mérito Militar” instituída
pelo organismo monárquico.
Na sua comunicação, Beninger defendeu que “é imperioso que Portugal dignifique todos os
portugueses nascidos na Guiné Portuguesa que lutaram do lado de Portugal”.
“Aproximadamente, 17 mil homens nativos da Guiné integraram o Exército Português, juraram
fidelidade à bandeira, cantaram o hino e combateram na chamada ‘Guerra do Ultramar’. Uma
guerra para onde Portugal recrutou 1.368 milhões de militares, sendo que 433 mil deles eram
africanos nativos de Angola, Moçambique e Guiné”, acentuou Beninger, que recordou, ainda,
que, “com a independência, e apesar do compromisso assumido no Acordo de Argel em 1974,
os militares nascidos na Guiné Portuguesa, atual Guiné-Bissau, que ingressaram nas forças
armadas portuguesas, foram “traídos” pelo país que juraram defender. Abandonados, foram
obrigados a fugir e a procurar refúgio. Os que foram capturados por aqueles que lutaram pela
independência sofreram torturas e muitos foram fuzilados”.
“Foi feita uma grande injustiça a estes militares que se consideravam e se consideram ainda
portugueses. Foram humilhados, ostracizados, muito maltratados a todos os níveis. Roubaram-
lhes a nacionalidade, e esse é um direito que nunca lhes devia ter sido retirado”.
“Afinal, em oposição à versão da história que é ensinada nas escolas portuguesas, na
Revolução dos Cravos houve muito sangue derramado, só que no continente africano. Quase
50 anos depois, a APAM quer dar voz aos militares portugueses africanos que sobreviveram.
Estes militares ainda lutam, mas já não é no campo de batalha. Agora, prosseguem o combate
pela nacionalidade portuguesa e pelos direitos que lhes continuam a ser negados”, finalizou
Beninger.
Ígor Lopes