Em entrevista ao Jornal de Negócios, Mário Centeno mostrou-se disponível para se manter como ministro das Finanças. No entanto, para já, fixa apenas uma meta: acabar o mandato no Eurogrupo.
Mário Centeno mostrou, pela primeira vez, disponibilidade para se manter ao comando das Finanças portuguesas depois das eleições legislativas de 6 de outubro. “Primeiro vamos ver a opinião dos portugueses sobre esta legislatura.”
Em entrevista ao Jornal de Negócios, o governante afirmou ter assumido um compromisso até ao fim desta legislatura. “Sou presidente do Eurogrupo, tenho como objetivo terminar o mandato… se o resultado das eleições assim o permitir”, disse o Centeno.
O mandato à frente do Eurogrupo é de dois anos e meio, pelo que, feitas as contas, terminará em junho de 2020. “Depois vamos estabelecer novos compromissos, e o momento não é este” para os especificar, continuou o atual ministro das Finanças. Desta forma, se há quatro anos o compromisso de Centeno era para quatro anos, desta vez não será assim.
De acordo com o Expresso, esta quarta-feira, António Costa deu o mesmo exemplo para sugerir que o ministro ficaria no lugar, talvez sabendo a resposta que Centeno teria dado durante a entrevista ao Jornal de Negócios.
“Cada um é livre de decidir o seu destino. Mas quando ele diz que quer continuar a ser presidente do Eurogrupo, sabendo que para ser presidente do Eurogrupo tem que ser membro do Governo, creio que é a melhor resposta, respeitando os portugueses, que pode ser dada”, disse o primeiro-ministro.
Se Centeno coloca nas mãos dos portugueses a avaliação desta legislatura, adianta também a sua própria atribuição das notas, elogiando o seu Governo e afirmando que Portugal tem hoje uma estabilidade financeira “incomparável” com aquela que tinha em 2015.
“Como sabem, sou candidato a deputado e estive envolvido na preparação do programa do PS. Quatro anos depois, todos conseguimos avaliar a razoabilidade e a credibilidade dessas propostas”, disse o atual ministro das Finanças.
Centeno admite aumentos na Função Pública
Um próximo Governo do PS terá margem, no próximo ano, para atualizações nos salários da Administração Pública, pelo menos ao nível da taxa de inflação, disse Mário Centeno na mesma entrevista ao Jornal de Negócios.
“Tivemos dois meses consecutivos de taxa de inflação negativa. Esse é um bom indicador para 2020 e acho que na projeção da legislatura, reiniciando esse processo, há condições para aumentos gerais ao nível da inflação”, adiantou.
A taxa de inflação ronda os 0,5%, mas apesar de estar extremamente baixa, o governante não mostrou abertura para ir mais além. “Se continuarmos a descer impostos e esses impostos tiverem como consequência baixar os preços, o benefício já foi dado através da redução dos impostos.”
O ministro das Finanças disse também que, na próxima legislatura, haverá lugar à redução de IRS para aqueles rendimentos que menos beneficiaram com as alterações aos escalões, mas afastou cortes no IRC ou no IVA.
Para Centeno, a mudança nos escalões do IRS dirigiu-se aos rendimentos mais baixos, mas na próxima legislatura será possível beneficiar a classe média.
Fonte: ZAP