O Governo elaborou duas propostas de Orçamento de Estado para 2019 (OE2019), uma que vai ser votada nesta semana no Parlamento e outra para apresentar a Bruxelas. É Marques Mendes quem o revela, sublinhando que Mário Centeno é um “artista dos números”.
“Há um orçamento verdadeiro e outro manipulado“, constata Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC. É “um truque”, salienta o ex-líder do PSD, realçando que não existe um, mas dois Orçamentos, um com um défice real de 0,5% “para consumo interno”, e outro de 0,2%, “para ser levado a Bruxelas” e suportado por “um anexo de cativações”.
“Isto é grave, porque é uma falta de transparência“, frisa Marques Mendes, considerando que o Governo apresenta este Orçamento “como se fosse a última coca-cola do deserto”.
Para o comentador, é evidente que “o Governo anda nos últimos meses a cometer um pecado capital”. “O Governo usa e abusa da arrogância“, diz, prevendo que “pode ser-lhe fatal”.
Marques Mendes considera que “o PS tem condições para ganhar as eleições e até chegar à maioria absoluta”, “mas com esta arrogância não chega à maioria“, diz. “Em política, a arrogância mata”, conclui.
Governo e Costa “sob suspeita” no caso Tancos
Analisando o caso Tancos, Marques Mendes entende que o Governo e o primeiro-ministro “estão sob suspeita” porque começaram por dizer que “não sabiam de nada”, mas “afinal, tinham conhecimento do que se passava” no que se refere à encenação no processo de recuperação das armas.
“O Governo fez crer que estava a leste do paraíso, quando agora se sabe que o ex-chefe de gabinete entregou o documento sobre o caso ao ex-ministro da Defesa”, constata o comentador social-democrata, frisando que “faltaram à verdade” e que “acham que os portugueses são parvos”.
Neste âmbito, Marques Mendes também critica Rui Rio, considerando que “precipitou-se ao dizer que o primeiro-ministro não devia ser ouvido” pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
Em primeiro lugar, por ter dito que “seria inédito” um primeiro-ministro ser ouvido numa Comissão de Inquérito quando “não é verdade” porque “Sócrates foi ouvido em 2010, no caso TVI, depondo por escrito”. Em segundo lugar, porque “foi Rui Rio no seu tropismo habitual”, “sempre a defender António Costa“, revelando que continua a ser “uma espécie de anjo da guarda do primeiro-ministro“.
Marques Mendes também acredita que “se a questão se colocar, António Costa tomará a iniciativa” de “pedir para depor” na Comissão de Inquérito. “Porque, recusando, torna-se suspeito, e porque recusar ser ouvido, a meses de eleições, não é um gesto de inteligência”, conclui.
Fonte: ZAP