O ministro das Finanças, Mário Centeno, não queria ficar no próximo Governo, mas António Costa segurou com unhas e dentes o seu trunfo.
Mário Centeno não queria continuar no Conselho de Ministro se o Partido Socialista (PS) voltasse a formar Governo. Quer por motivos familiares, quer por motivos profissionais, o ministro das Finanças contava já os dias que faltavam para acabar a sua missão no Governo.
No entanto, António Costa não deixa Centeno pôr um ponto final na sua carreira enquanto ministro das Finanças. O primeiro-ministro não prescinde do seu serviço e até já lhe disse que conta com ele para continuar depois de 2019, confirmou o semanário Expresso junto de três fontes diferentes.
Para António Costa, o atual ministro das Finanças é um às no seu baralho, mas para o convencer a ficar teve de usar alguns argumentos. Entre eles, Costa afirmou que a sua condução atual das Finanças do país é um elemento fulcral de credibilização do partido perante um eleitorado de centro e direita, e marca uma linha de distinção perante a esquerda.
Restam poucas dúvidas de que Mário Centeno é um dos ministros mais populares deste Governo, mas o segundo argumento do primeiro-ministro prende-se com a presidência do Eurogrupo. Centeno foi eleito pelos ministros das Finanças do euro no início de 2018, e tem mandato por cumprir até meio de 2020 – algo que não se tornaria possível caso Portugal trocasse de ministro das Finanças.
Centeno e o Programa de Estabilidade
Na próxima semana, Mário Centeno terá de entregar em Bruxelas e no Parlamento um novo Programa de Estabilidade, algo que será mais difícil do que o habitual. Todas as organizações internacionais estão a rever em baixa as estimativas sobre a economia portuguesa – o FMI prevê um PIB de 1,7% este ano – e uma legislatura a decrescer até aos 1,2%.
O ministro previa, no documento entregue há um ano, um mínimo de 2% de crescimento económico. Entretanto, já admitiu rever em baixa os números deste ano (de 2,2% para 1,9%) e também dos anos que se seguem. Contudo, segundo fontes do núcleo duro ouvidas pelo Expresso, tudo indica que manterá “a trajetória” prevista para o défice – para sinalizar o mesmo comprometimento com a redução da dívida
Mas, desta vez, o documento segue num cenário de “políticas invariáveis”, ou seja, sem anunciar medidas para os anos que se seguem. O motivo é que estamos em campanha eleitoral para as europeias e para as legislativas, pelo que a versão oficial é que “é o próximo Governo quem tem de decidir o rumo”.
Desta forma, o PS guarda para depois das europeias as suas ideias sobre o futuro. Até lá, o o foco é nas europeias, ainda quem pairem nuvens cinzentas sobre o PS – quer por causa do abrandamento da economia, quer pelo familygate.
Fonte: ZAP