Mário Centeno não acredita em “estratégias de dividir para reinar”. O recém empossado governador do Banco de Portugal elencou, esta segunda-feira, quatro desafios estratégicos para o Banco de Portugal.
Na ótica de Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, a instituição deve assegurar uma supervisão mais “exigente e proativa”, procurar influenciar a política monetária europeia e credibilizar os processos de resolução bancária, protegendo as finanças públicas.
“O Banco de Portugal tem de ser uma instituição de referência, que congrega muitos dos melhores técnicos formados nas melhores universidades portuguesas”, começou por afirmar o governador, no discurso de tomada de posse. “Tem de se tornar sinónimo de ação coletiva com as restantes instituições nacionais e europeias para enfrentar os inúmeros desafios do futuro próximo”, acrescentou, citado pelo Económico.
Na cerimónia, que decorreu esta segunda-feira no Salão Nobre do Ministério das Finanças, o ex-ministro das Finanças elencou quatro desafios estratégicos, sendo que o primeiro é a supervisão. Centeno entende que é preciso assegurar uma supervisão mais “eficiente, exigente e proativa”, para que “criando confiança”, se ““crie valor num mundo em que a transição digital tem alterado profundamente a prestação de serviços financeiros”.
Em segundo lugar, o novo governador considera que o BdP deve procurar “participar e influenciar a política monetária europeia, em prol do crescimento da área do euro inclusivo e estável, num contexto de taxas de juro baixas e em que as medidas de política monetária não-convencionais têm um papel reforçado”.
Em terceiro lugar, Centeno afirmou que o regulador deve “definir uma política macro potencial que assegure a estabilidade do sistema financeiro e não permita a acumulação de riscos sistémicos, que ponham em causa a estabilidade do sistema e o financiamento eficiente da economia”.
O objetivo de Mário Centeno é que o Banco de Portugal crie “uma estratégia nacional que permita a Portugal vencer os importantes desafios que se lhe colocam na Europa e no mundo”.
Por último, é necessário “credibilizar as estratégias, os mecanismos e o processo de resolução bancária”, para que se assegure “a estabilidade financeira” e se garanta a proteção do “erário público”.
“O país precisa, como nunca, de instituições fortes e renovadas e de lideranças capazes de enfrentar os desafios que se nos põem com determinação num contexto europeu e mundial competitivo. É com enorme entusiasmo, mas sobretudo com responsabilidade e plena consciência dos desafios futuros que encaro a liderança do BdP numa instituição central para a República”, sublinhou.
Ficou claro que, na opinião de Mário Centeno, a independência do Banco Central não se questiona, nem se impõe. “Ao Banco de Portugal, não cabe ter estados de alma, acerca da natureza da sua independência, muito menos ao seu Governador. Mas também não cabe ao Banco de Portugal viver para si próprio e fechado sobre si próprio. Isso não assegura a independência, cria a irrelevância.”
O anúncio da aprovação da nomeação de Mário Centeno para governador do BdP, sob proposta do ministro das Finanças, João Leão, foi feito na passada quinta-feira, no final da reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa. Mário Centeno sucede a Carlos Costa, cujo segundo mandato terminou a 8 de julho, depois de 10 anos à frente daquela instituição.
Fonte: ZAP