O vento estelar das estrelas recém-nascidas na Nebulosa de Órion está a impedir a formação de novas estrelas nas proximidades, de acordo com a NASA.
Segundo um novo estudo, com recurso ao Observatório Estratosférico da NASA para a Astronomia Infravermelha (SOFIA), cujas operações científicas são geridas pela Associação Universitária de Pesquisa Espacial, as estrelas recém-nascidas geram ventos estelares que podem soprar o material necessário para formar novas estrelas.
Isso é surpreendente porque, até agora, os cientistas pensavam que outros processos, como a explosão de estrelas chamadas supernovas, eram responsáveis pela regulação da formação de estrelas.
A Nebulosa de Órion está entre os melhores objetos observados e mais fotografados no céu noturno. É o berçário estelar mais próximo da Terra e ajuda os cientistas a explorar a forma como as estrelas se formam.
Um véu de gás e poeira envolve todo o processo de nascimento da estrela. A luz infravermelha pode atravessar o véu nebuloso, permitindo que observatórios especializados, como o SOFIA, revelem muitos dos segredos da formação de estrelas que, de outra forma, permaneceriam ocultos.
No coração da nebulosa encontra-se um pequeno agrupamento de estrelas jovens, massivas e luminosas. Observações do instrumento da SOFIA revelaram, pela primeira vez, que o forte vento estelar da mais brilhante dessas estrelas bebés, chamado Theta1 Orionis C, varreu uma grande quantidade de material da nuvem onde esta estrela se formou.
“O vento é responsável por soprar uma bolha enorme em redor das estrelas centrais”, explicou Cornelia Pabst, da Universidade de Leiden, na Holanda, e principal autora do artigo. “Isto perturba a nuvem natal e impede o nascimento de novas estrelas.”
Os investigadores usaram o instrumento GREAT para medir a linha espetral – que é como uma impressão digital química – do carbono ionizado. Devido à localização aérea da SOFIA, acima de 99% do vapor de água na atmosfera da Terra que bloqueia a luz infravermelha, os cientistas puderam estudar as propriedades físicas do vento estelar.
Os astrónomos usam a marca espetral para determinar a velocidade do gás em todas as posições através da nebulosa e estudar as interações entre as estrelas massivas e as nuvens onde nasceram. O sinal é tão forte que revela detalhes críticos dos berçários estelares escondidos. Mas esse sinal só pode ser detetado com instrumentos especializados que conseguem estudar luz infravermelha.
No centro da Nebulosa de Órion, o vento estelar forma uma bolha e interrompe o nascimento de estrelas na sua vizinhança. Ao mesmo tempo, empurra gás molecular para as bordas da bolha, criando novas regiões de material denso onde futuras estrelas podem vir a formarse.
Estes efeitos de feedback regulam as condições físicas da nebulosa, influenciam a atividade de formação de estrelas e, em última instância, impulsionam a evolução do meio interestelar, o espaço entre estrelas cheias de gás e poeira.
Entender como a formação de estrelas interage com o meio interestelar é a chave para entender as origens das estrelas que vemos hoje e aquelas que podem vir a formar-se no futuro.
MC, ZAP //