As chamadas “algas da neve” já são conhecidas há algumas décadas no Ártico, mas não se sabia muito bem qual era a sua distribuição na Antártida.
Por isso, como explica ao site New Scientist Andrew Gray, investigador da Universidade de Cambridge, este “trabalho foi, realmente, a primeira investigação em larga escala” sobre este fenómeno neste local.
Gray e o resto da equipa usaram imagens de satélite para identificar essas manchas verdes na superfície coberta de neve da Península Antártica e nas ilhas mais próximas, tendo visitado duas delas para confirmar a confiabilidade dos dados de satélite.
Os investigadores descobriram que, no total, houve 1679 florações destas algas, que cobriam até 1,9 quilómetros quadrados da superfície no auge do verão. Segundo o mesmo site, dois fatores pareciam determinar a sua localização: a temperatura precisava de ser quente o suficiente para que a neve se tornasse lamacenta e tinha de haver uma fonte de nutrientes (que era sobretudo guano de pinguim, ou seja, os seus excrementos).
Ainda não é certo o que significa este fenómeno para o clima, mas a equipa de cientistas, cujo estudo foi publicado, esta quinta-feira, na revista científica Nature Communications, estima que a proliferação de algas absorva 479 toneladas de dióxido de carbono todos os anos.
“A quantidade de carbono que lá existe é relativamente pequena”, diz Matthew Dave, um dos co-autores da pesquisa, também investigador da universidade britânica. No entanto, isso poderia aumentar se as florações se espalharem mais.
Embora as algas possam remover um pouco de dióxido de carbono, também escurecem a neve, fazendo com que seja absorvido mais calor. Davey e Gray dizem, porém, que ainda não é possível estimar os efeitos destes impactos.
A longo prazo, as alterações climáticas podem causar problemas para as algas, porque as temperaturas podem subir tanto que a neve da península derreterá completamente. “Se aquecer demasiado, todo o sistema pode falhar completamente porque não há neve”.