A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu cinco toneladas de alheiras na empresa Vifumeiro, propriedade da presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, e de familiares. A ex-deputada do PS terá omitido os seus interesses nesta empresa quando estava na Assembleia da República.
A operação da ASAE realizou-se no início da semana, como relata o Jornal de Notícias (JN), frisando que há suspeitas de que as alheiras fabricadas na Vifumeiro, localizada em Vinhais, são, vendidas com a marca da empresa Alheiras Amil, sediada em Mirandela.
Esta distância de cerca de 60 quilómetros é relevante porque Mirandela tem o estatuto de indicação geográfica protegida pela União Europeia (UE), enquanto Vinhais não o tem.
A presidente da Câmara de Mirandela é sócia das duas empresas, detendo 9% da Vifumeiro – Fumeiro e Carnes, LDA e 12,46% da Alheiras Amil.
A apreensão das alheiras é justificada com as suspeitas da prática de crimes de fraude sobre mercadoria e violação da indicação geográfica. O Ministério Público está a investigar o caso.
O JN avança, entretanto, que a autarca omitiu os seus interesses nestas duas empresas quando esteve no Parlamento como deputada do PS. Durante os dois anos do seu mandato na Assembleia da República, Júlia Rodrigues não terá revelado essa informação, apesar de a isso estar obrigada.
Enquanto foi deputada, a autarca foi coordenadora dos socialistas na Comissão Parlamentar da Agricultura e deu o seu voto relativamente a apoios financeiros para os produtores de alheira. Também integrou o grupo de trabalho que elaborou a nova Lei da Transparência para os titulares de cargos políticos e públicos.
Júlia Rodrigues foi gerente da Vifumeiro até 2007.
A autarca garante ao JN que a sua “intervenção na empresa é zero” desde que foi eleita deputada. “Efectivamente, a empresa é familiar, mas tenho uma quota insignificante da herança do meu pai, que faleceu em 2009”, acrescenta.
Fonte: ZAP