A Inspeção-Geral da Educação e Ciência instaurou um procedimento de averiguações para esclarecer as circunstâncias em que um aluno da Escola de Fonte Coberta, em Cinfães, perdeu as extremidades de dois dedos, confirmou fonte do Ministério da Educação. Segundo o gabinete do titular da pasta, a deliberação ocorre “a pedido do dirigente máximo da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares”, após o episódio registado na segunda-feira.
O responsável pelo Agrupamento de Escolas de Souselo, Carlos Silveira, já havia informado na sexta-feira que fora iniciado um inquérito interno “para apurar os acontecimentos”.
Mãe expõe situação nas plataformas digitais
O caso tornou-se público por meio de Nivia Estevam, que, no Instagram, se identifica como “mãe da criança de 9 anos que teve as extremidades dos dedos amputadas dentro de uma escola em Portugal”.
Segundo relatou, “duas crianças fecharam a porta sobre os dedos do meu filho” enquanto este estava na instalação sanitária, impedindo-o “de sair e solicitar auxílio”. Acrescentou que o menino “perdeu muito sangue e precisou de se arrastar por baixo da porta com os dedos já amputados”.
O menor passou por três horas de intervenção cirúrgica no Hospital de São João, no Porto, e, segundo a mãe, ficará “com danos físicos e emocionais”.
Nivia Estevam alegou ainda que o episódio ocorreu após ter apresentado denúncias anteriores, envolvendo “arrancões de cabelo, pontapés e tentativa de asfixia”, afirmando que “nenhuma providência foi adotada pela direção”.
A progenitora criticou também o facto de a escola não ter acionado a PSP, de não lhe ter comunicado a gravidade da ocorrência e de funcionárias terem limpo “todo o espaço” onde tudo aconteceu. “A escola está a tratar isto como uma brincadeira que correu mal”, lamentou.
Direção garante atuação rápida dos meios de socorro
Confrontado com o caso, Carlos Silveira recusou acrescentar novos detalhes, alegando que o inquérito está em curso, mas assegurou que “os meios de emergência foram prontamente contactados” e que a escola “seguiu os trâmites habituais”.
O diretor explicou ainda que “não existe PSP em Cinfães, apenas GNR”, acrescentando que, quando o INEM é chamado, “se considerar que se trata de situação grave, aciona automaticamente as forças de segurança”.
Grupo de 15 juristas assume representação da família
O apelo público de Nivia Estevam levou à mobilização de 15 juristas, que já se disponibilizaram para acompanhar o dossier jurídico.
“Vamos avançar com a queixa ao Ministério Público e tratar do processo administrativo, da responsabilidade civil da escola em matéria de vigilância e da ação cível”, afirmou a advogada Catarina Zuccaro.
Sobre a vertente penal, o coletivo analisará quais medidas poderão ser adotadas, recordando que “os envolvidos são menores”, mas sublinhando que terão de ser responsabilizados.
“Somos 15 advogados a intervir. Cada grupo ficará com uma área: penal, administrativa e cível”, explicou.


