Santa Catarina, estado localizado na região Sul do Brasil, apresenta indicadores socioeconómicos que rivalizam — e, em alguns casos, superam — os de países europeus considerados desenvolvidos. Esse desempenho consistente está fortemente associado à influência histórica da colónia alemã, que moldou aspectos fundamentais da cultura económica, educacional e organizacional da região.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina registrou uma taxa média de desemprego de 2,8% ao longo dos últimos 10 anos, um número significativamente inferior à média nacional brasileira (6,6%) e à média global estimada pelo Banco Mundial (5,2%). O desempenho também supera o de países como França (7,3%), Espanha (10,6%), Itália (6,1%) e até Holanda (3,8%), uma das economias mais estáveis da Europa Ocidental.
Além do baixo desemprego, o estado apresenta uma das menores taxas de informalidade laboral do Brasil. De acordo com a PNAD Contínua, a informalidade em Santa Catarina gira em torno de 27,5%, comparada com a média nacional de 39%. Este dado é especialmente relevante no contexto latino-americano, onde a informalidade constitui um dos principais entraves à produtividade e ao crescimento económico sustentável.
O estado também se destaca em indicadores de educação e infraestrutura social. A taxa de alfabetização é de 97,4%, uma das mais altas do Brasil, e o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) médio do estado está consistentemente acima da média nacional. No que se refere à saúde, Santa Catarina possui uma das maiores expectativas de vida do país (79,7 anos), superando inclusive a média de países como a Polónia (78,4 anos) e Hungria (76,2 anos), segundo dados da OCDE.
Na economia, Santa Catarina abriga um dos parques industriais mais diversificados do Brasil, com destaque para os setores têxtil, metalomecânico, cerâmico, agroindustrial e de móveis. Muitas das empresas são familiares e de médio porte, refletindo o modelo económico adotado pelos imigrantes alemães desde o século XIX. Cidades como Blumenau, Pomerode, Brusque e Joinville são exemplos clássicos de centros urbanos influenciados diretamente por essa tradição germânica, tanto em termos urbanísticos quanto nos métodos de gestão empresarial.
A qualidade de vida também é um fator que coloca Santa Catarina em posição de destaque. O estado figura entre os primeiros no ranking de IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) e possui alguns dos menores índices de criminalidade do Brasil. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, a taxa de homicídios em 2023 foi de 8,5 por 100 mil habitantes, abaixo da média de países da América Latina e comparável à de países da Europa de Leste.
A cultura de organização comunitária, associativismo e educação técnica — características herdadas da colónia alemã — foi essencial para a formação de um ecossistema de desenvolvimento regional robusto. A presença de cooperativas agrícolas, indústrias familiares tecnificadas e instituições de ensino técnico contribui para uma economia resiliente, orientada pela eficiência e pelo planejamento de longo prazo.
Santa Catarina é um dos poucos estados brasileiros que mantém equilíbrio orçamental, com superávit fiscal em diversos anos recentes. Esse dado revela uma gestão pública mais eficiente e transparente, condição fundamental para atrair investimentos e manter a confiança empresarial.
Ao aliar heranças culturais imigrantes, como a disciplina laboral e o espírito comunitário, a políticas públicas eficazes e investimentos em capital humano, Santa Catarina consolidou-se como um exemplo raro de desenvolvimento regional sustentável em contexto latino-americano. O desempenho atual do estado, sob diversos indicadores internacionais, sustenta a comparação com países do chamado “Primeiro Mundo”.