Nos últimos três anos, o Estado fez 17 operações de reforço de capital na CP, na ordem dos 1,8 mil milhões de euros. Estes serviram principalmente para pagar dívidas da empresa a privados e ao Estado.
Apesar dos 1800 milhões injetados pelo Estado na CP desde 2016, a operadora ferroviária continua em falência técnica, com capitais negativos de mais de dois mil milhões de euros. Além disso, a empresa não tem capacidade de gerar lucros suficientes para saciar a totalidade dos seus custos.
No entanto, nos últimos quatros anos, a dívida remunerada da CP caiu 40%, nomeadamente a privados. A notícia avançada pelo Observador esta quarta-feira surge após o anúncio de mais de um reforço de 518 milhões de euros à CP, para a “cobertura de resultados transitados negativos”.
Assim, esta última injeção de capital será destinada a reembolsar um empréstimo obrigacionista que vence neste mês de outubro.
Em outubro de 2009, o Governo autorizou a CP a emitir um empréstimo obrigacionista de 500 milhões de euros, destinado a financiar o passivo de curto prazo da empresa, segundo um despacho publicado em Diário da República. A operação, com um prazo de 10 anos, contava com a “garantia pessoal do Estado”.
Dos 1800 milhões de euros injetado na CP, apenas metade deste valor correspondeu a entrada de dinheiro por parte do acionista. O restante dinheiro deriva da conversão de créditos em capital social. Ainda assim, grande parte do dinheiro que entra na CP, não tarda a sair.
Em declarações ao Observador, a CP explicou que se destinam maioritariamente “a dotar a empresa dos meios necessários para garantir o pagamento das amortizações de empréstimos e respetivos juros com vencimento no período“.
Mas de onde vem esta dívida histórica da operadora ferroviária? A CP garante que, fundamentalmente, se destina ao investimento feito pela empresa nos últimos anos. No entanto, consultando os relatórios e contas da empresa, é possível notar que o investimento da empresa se manteve relativamente baixo: em três anos, foram investidos 44 milhões de euros.
Este semestre, o Estado anunciou um reforço de 45 milhões para a contratação de profissionais e para reabilitar a frota velha.
A CP continua a não ter um contrato com o Estado que remunere de forma adequada as operações que se enquadram no serviço público. Desta forma, a operadora continua a ter sucessivos défices operacionais e prejuízos, que obrigam a constantes injeções de capital por parte do Estado.
Fonte: ZAP