Treinador mental Lincoln Nunes conta como a mentalidade vencedora afeta um grupo positivamente dentro e fora das quatro linhas
Cristiano Ronaldo chegou a Manchester United quebrando todos os recordes: vendas de camisas, público nos estádios e número de gols. Os Red Devils já ocupam a terceira posição da tabela no campeonato considerado o mais difícil do mundo, com gols do português nas últimas três partidas vitoriosas na Premier League. Apesar da chegada recente, o impacto do seis vezes melhor do mundo na equipe é claro e extrapola as linhas do gramado.
Em entrevista recente à rádio Talk Sports, o goleiro suplente do United revelou um pouco de como era a concentração e como ficou após a chegada de CR7. Segundo o atleta, durante um jantar da equipe em um hotel, como de costume, os jogadores habituados a comerem alguma ‘bobagem’ de sobremesa, como crumble de maçã, um brownie com creme, não tiveram coragem de sucumbir à gula.
“Eu lhe digo com toda sinceridade: ninguém tocou naqueles doces porque todos estavam sentados e um dos rapazes me disse: ‘O que tem no prato do Cristiano?’. Demos uma olhada no que ele tinha, e era o prato mais limpo e saudável que você possa imaginar”, contou. “Fiquei chocado como nenhum jogador ousou se levantar e comer aqueles doces que estavam disponíveis”, finalizou o goleiro.
Para o treinador mental de atletas de alto rendimento, Lincoln Nunes, o episódio reflete o efeito de um campeão.
“Quando você traz um atleta do calibre do Cristiano a um clube, saiba que está trazendo um pacote de mentalidade, hábitos e lifestyle juntos. Me diz qual jogador não quer ter a performance do melhor do mundo? Nada mais justo do que seguir o que ele faz no dia a dia”, afirma. “Sabe quando uma pessoa enfileira os dominós e derruba o primeiro dessa sequência? Então, é justamente essa a sensação de se ter um jogador de tanta consciência de mentalidade na equipe, e todos repetem”, completa.
Nunes, que trabalha principalmente com atletas do futebol europeu e nacional, além de lutadores de elite do UFC e atletas olímpicos, destaca que não foram somente jogadores do clube que se pronunciaram sobre o efeito CR7.
“Troy Deeney, do Birmingham, disse algo não tão elegante, mas que comprova a força do atacante no país e nas equipes adversárias: ‘Se Cristiano Ronaldo comesse merd* de cavalo antes de um jogo, eu também comeria’. E é assim mesmo que os atletas enxergam”, pontua.
“Claro que o jogador exagerou um pouquinho, mas uma coisa sempre ressalto: o futebol é coletivo, mas a performance é individual. Se alguém da zaga está com o emocional abalado, vai ser um elo fraco do time, não adianta. Ao mesmo tempo, o companheiro de posição trabalha dobrado cobrindo o deficit dessa zona. Estes são exemplos simples de como um jogador pode mudar toda a estrutura de um clube. É o efeito CR7”, finaliza o preparador mental.