O concelho de Castelo de Paiva enfrenta uma crise preocupante no âmbito da educação e do desenvolvimento infantil, especialmente no que diz respeito ao apoio especializado para crianças em idade escolar. Desta vez, o problema reside na falta de profissionais de terapia da fala, deixando dezenas de crianças sem suporte adequado para superar atrasos de linguagem.
A situação agravou-se recentemente com a saída da única terapeuta da fala que atuava em várias escolas do concelho. Esta profissional, fundamental para o desenvolvimento de crianças com necessidades específicas, não foi substituída, gerando um vazio preocupante no atendimento. Como consequência, dezenas de crianças que necessitam deste acompanhamento especializado ficaram sem qualquer tipo de apoio para o desenvolvimento da fala.
Pais de alunos afetados foram orientados a procurar alternativas por conta própria, tentando encontrar vagas com outros profissionais em localidades vizinhas. No entanto, a situação revelou-se ainda mais alarmante quando as famílias recorreram ao Centro de Saúde local, apenas para serem informadas da inexistência de vagas disponíveis no sistema público. Este cenário de incerteza e falta de recursos gera frustração entre os pais e preocupa especialistas na área da educação e saúde infantil.
A ausência de suporte para terapia da fala pode trazer impactos significativos a longo prazo no desenvolvimento destas crianças, interferindo na sua capacidade de comunicação, integração social e rendimento escolar. Apesar das dificuldades, os pais pedem uma intervenção urgente por parte das autoridades locais e nacionais para resolver o problema e garantir que todas as crianças tenham acesso ao apoio que necessitam para se desenvolverem plenamente.
Podemos exemplificar com o caso de uma criança que vinha sendo acompanhada desde o berçário ilustra bem essa falha no sistema. O acompanhamento, essencial para o desenvolvimento e a saúde da criança, foi interrompido de forma repentina, deixando a família sem suporte e sem orientação. Para retomar o atendimento, é necessário reiniciar todo o processo burocrático, enfrentando filas, solicitações e prazos indefinidos. Essa interrupção abrupta não é apenas uma falha administrativa, mas uma forma de exclusão que desampara quem mais precisa, reforçando a sensação de esquecimento e abandono por parte do sistema ou da rede de apoio.
A crise em Castelo de Paiva é apenas mais um exemplo das dificuldades enfrentadas em muitas regiões do país, onde a escassez de profissionais especializados e de recursos públicos coloca em risco o futuro de muitas crianças. É imperativo que soluções sejam encontradas, seja através da contratação de novos profissionais, ampliação da oferta pública ou parcerias com o setor privado, para assegurar o direito básico à educação e ao desenvolvimento integral das crianças.