De tempos a tempos a questão do desgaste das viagens é tema de debate no mundo do futebol. Ao mais alto nível, é muito discutido entre os treinadores a recuperação, de tal forma que neste momento a recuperação dos atletas tem um grande impacto no planeamento de trabalho de uma equipa. Ainda na semana passada o treinador do Benfica, Rui Vitória, assumiu que a preocupação com a recuperação é cada vez maior no treino, refere-se tanto à recuperação após os jogos como recuperação de tudo o que envolve um momento competitivo.
No contexto que envolve o momento competitivo está incluída a viagem de ida e regresso para os jogos, o acumular de quilómetros ao longo da época acaba por ter um impacto significativo quer ao nível do desgaste físico como do desgaste mental das equipas em competição. É preponderante para a classificação final que a equipa técnica seja capaz de gerir o desgaste e saber como contornar a situação na execução dos microciclos de trabalho. Na primeira liga portuguesa existem dois casos interessantes de observar, por um lado o Portimonense, a equipa algarvia é obrigada a constantes deslocações de grande distância, Vitor Oliveira, no final da época 2016/2017, referiu que a parte final da competição foi muito difícil para a sua equipa pelo desgaste acumulado pelos seus atletas. Na preparação da época actual, o Portimonense encarou o regresso ao escalão maior com o maior cuidado, o treinador matosinhense teve à sua disposição um plantel de 27 elementos (na média da liga NOS) com várias soluções de qualidade para as várias posições. Os homens de Portimão fizeram da sua casa uma fortaleza, em 14 jogos conquistou 23 pontos, fora foram amealhados 11 pontos.
Outro caso interessante é o Marítimo, os insulares, devido à sua situação geográfica, são obrigados a deslocações de avião de 15 em 15 dias. Também aqui, Daniel Ramos, treinador do Marítimo, possui um plantel homogéneo que o coloca um pouco protegido do desgaste acumulado. Tal como no caso do Portimonense, os madeirenses, são senhores de um registo assinalável em casa. Na condição de visitado são a quinta equipa mais forte da liga, conquistaram 30 pontos em 14 jogos realizados no caldeirão dos barreiros. Destes dois casos podemos inferir que as deslocações constantes e consequente desgaste tem reflexos na construção do plantel das equipas e obrigam à construção de fortalezas nos seus redutos.
E a nível distrital? Também se sente efeito das distâncias percorridas? E quantos quilómetros tem que percorrer o Sp. Paivense para disputar o campeonato Safina? A distância para os centros de decisão influencia a tabela classificativa? Na próxima semana trarei dados para esta discussão…
Saudações Desportivas
Vitor Moreira – Treinador UEFA A + Elite Youth