O Bispo do Porto, Dom Manuel Linda, divulgou ontem nota episcopal sobre as medidas que serão adoptadas pela Diocese do Porto para evitar a propagação do COVID-19 (coronavírus). Segundo o bispo, a nota episcopal deve-se ao facto de que a maioria das pessoas que foram infectadas com o coronavírus parecem originárias da área desta Diocese do Porto ou territórios próximos, vários sacerdotes pediram conselhos a respeito das medidas profiláticas a adoptar.
As adaptações na liturgia referem-se a regras provisórias que a Diocese do Porto passará a seguir,em especial no que tange a adoração da cruz, na Sexta feira Santa, e no tradicional “Compasso” ou “Visita Pascal”, onde segundo o bispo, evitar-se-ão os beijos, sendo substituídos por uma reverência à cruz com uma profunda inclinação ou mesmo com a genuflexão.
Leia abaixo o texto integral da nota episcopal:
Nota Episcopal
O dever ético de evitar a propagação do COVID-19
Porque a maioria das pessoas que foram infectadas com o coronavírus parecem
originárias da área desta Diocese do Porto ou territórios próximos, vários sacerdotes
pediram conselhos a respeito das medidas profiláticas a adotar.
Ressaltando sempre que é às estruturas de saúde a quem compete fornecê-las, apresento algumas orientações, dirigidas aos agentes pastorais. Trata-se de regras provisórias, sujeitas a serem
modificadas pelas circunstâncias, pois são apenas fruto do bom senso. Entretanto, peço
sejam levadas muito a sério.
- Tranquilizem-se os fiéis, de forma a evitar situações de pânico, mostrando-lhes
que, não obstante o perigo efetivo que este vírus representa, não é comparável
às terríveis pestes e pneumónicas que conhecemos da história. - Cumpra-se o que foi referido pela Conferência Episcopal. Para além de medidas
reforçadas de higiene, use-se a comunhão na mão e evite-se o gesto da paz, o
uso da água nas pias de água benta e beijos ou outros gestos de contacto físico
com imagens. - Tomadas estas precauções, as celebrações litúrgicas, mormente a Missa,
sacramentos e funerais, para já, decorrerão na forma habitual. - Relativamente à catequese, preste-se atenção às Escolas locais: somente se estas
fecharem é que se justificará o encerramento da catequese. - Quanto às estruturas eclesiais de apoio à infância (berçários, creches, etc.),
mantenha-se contacto permanente com os Delegados de Saúde locais e
comprometam-se estes nas decisões a tomar. - Nas nossas estruturas dirigidas a idosos (lares, centros de dia, unidades de
cuidados continuados, etc.) anulem-se as visitas, com excepção dos casos em que
comprovadamente se justifiquem. - O mesmo se diga das visitas aos idosos que vivem em suas casas por parte de
visitadores de doentes, Ministros Extraordinários da Comunhão, Conferências
Vicentinas e outros: reduzam-se ao mínimo indispensável e, para o contacto com
eles, use-se o telefone. - A juízo do Pároco e do Conselho Pastoral, as costumadas confissões quaresmais
podem passar para o tempo pascal ou para qualquer outra altura do ano. Porém,
tomadas as devidas precauções (se o penitente e confessor se mantiverem a mais
de um metro de distância) jamais se negará a confissão a quem a pedir. - Entretanto, de acordo com as normas recentemente difundidas na nossa Diocese,
não concedo autorização para «absolvições coletivas», pois as pessoas cumprirão
oportunamente o mandamento da Igreja de “confessar-se ao menos uma vez cada
ano”. - Se as circunstâncias não se alterarem, na adoração da cruz, na Sexta feira Santa,
e no tradicional “Compasso” ou “Visita Pascal”, evitar-se-ão os beijos e far-se-á
reverência à cruz com uma profunda inclinação ou mesmo com a genuflexão.
Rezemos a Deus, Pai providente, para que afaste de nós as doenças e nos conceda o
dom da saúde e da tranquilidade.
Porto, 9 de março de 2020
- Manuel, Bispo do Porto