O diretor da Escola Secundária de Amarante, Fernando Sampaio, disse hoje estar “defraudado” com as sucessivas promessas da tutela sobre o recomeço das obras no estabelecimento que estão paradas há mais de dois anos.
“Enganado não será o termo, defraudado sim. Sou ingénuo e acreditei muitas vezes que vai ser agora e nunca foi”, lamentou, quando questionado pelos jornalistas sobre se se sentia enganado pelo Ministério da Educação ao longo dos últimos anos.
O dirigente disse à Lusa que as obras foram iniciadas em 2011, suspensas posteriormente por ordem do anterior Governo e retomadas por indicação do atual executivo. Pouco tempo depois, em novembro de 2015, explicou, a obra voltou a parar, “por problemas com a [empresa] Parque Escolar e o consórcio que estava a fazer a construção”.
Em novembro de 2016, o Ministério da Educação abriu concurso para a finalização das obras, no valor base de 3,6 milhões de euros, mas a obra nunca arrancou.
A situação atual de impasse obriga os alunos a conviver de perto com o estaleiro da empreitada.
Aquelas dificuldades provocaram hoje o protesto de centenas de alunos e encarregados de educação, que dizem estar preocupados com a falta de segurança do estabelecimento, mas também com as condições precárias em que a escola tem trabalhado, com recurso a contentores.
O diretor da escola reconheceu hoje a situação e disse compreender a insatisfação dos alunos e dos encarregados de educação, mas acentuou que o problema terá de ser resolvido pela tutela.
Segundo o dirigente, as obras pararam devido a problemas financeiros do consórcio que estava a fazer a obra e que a tutela tem comunicado à escola que está a tentar resolver o problema o mais rapidamente possível, sem, contudo, assumir compromissos sobre datas.
Em declarações à Lusa, a presidente da Associação de Pais, Susana Ribeiro, evidenciou o esforço do diretor da escola para tentar resolver o problema.
“O diretor está solidário connosco. Ele cansou-se de andar no jogo do empurra. Isto não é um jogo. Os nossos filhos não são cobaias é a vida deles que está em risco”, comentou a dirigente.
Por seu turno, a presidente da Associação de Estudantes, Sara Ferreira, recordou o atropelamento que aconteceu há alguns meses e que provocou ferimentos graves numa aluna, obrigando a internamento hospitalar.
Muito apoiada por centenas de colegas que a acompanhavam na manifestação, a representante dos estudantes acentuou que as obras obrigam os alunos a entrar por um acesso alternativo situado junto a uma estrada nacional, onde param os autocarros e dezenas de carros dos pais.
“Chegamos e saímos dos autocarros numa via pública, o que é inadmissível”, afirmou, aludindo ao perigo da situação.
Sobre a manifestação de hoje, a estudante considerou ser “a forma mais eficaz” de os alunos serem ouvidos.
Sara Ferreira reconheceu também o apoio da associação de pais, da direção da escola e dos professores.
“São muito compreensivos e apoiaram-nos imenso neste protesto e concordam connosco porque querem o melhor para a escola. Estamos unidos e prontos para conseguir levar isto para a frente”, concluiu.