Segundo denúncias, uma cena que tem se repetido constantemente é a demora nos atendimentos em alguns serviços públicos essenciais em Castelo de Paiva.
Um destes casos de pessoas que estão a enfrentar longa espera por atendimento do Centro de Saúde de Castelo de Paiva é o da doente, Dona Maria Ascenção, que sofre de dores devido à artrose e espera há mais de 15 dias pelo contacto do médico de família. No sistema do Centro de Saúde não há sequer um médico designado para este atendimento.
A funcionária responsável pela receção do Centro de Saúde informou-nos que o prazo normal para que seja feito o encaminhamento do médico de família para o doente é de uma semana. No caso de dona Maria, este prazo não foi cumprido. Mas ela não é a única.
O jornal Paivense tem acolhido denúncias de moradores que reforçam a demora do atendimento como uma realidade bastante frequente.
O filho de dona Maria refere que existe certa desatenção para com aqueles que precisam de atendimento médico: “Hoje disseram que enfim iriam encaminhar o registo a um médico. A doente espera ansiosa pela chamada para que possa ser atendida, pois, sofre de dores diárias. Se apenas esperarmos nada acontece, temos de sempre perguntar e cobrar, ir até lá. Todo português tem que ter o conhecimento dos seus direitos e reivindicar ter pelo menos o mínimo, que é um atendimento decente”, referiu o filho da doente.
Motivo da espera prolongada
O filho da doente alega que isto é um reflexo direto do elevado número de funcionários que tem tirado licenças com apresentação de atestado médico. O mesmo referiu que isto tem acontecido não apenas no Centro de Saúde, mas também na Conservatória: “As longas esperas por serviços e atendimento também se constatam na Conservatória de Castelo de Paiva, onde cidadãos constantemente reclamam da falta de dinamismo e da necessidade de perderem parte do seu dia de trabalho. Não somente eu mas muitos dos meus amigos tem feito as mesmas queixas”.
Qualidade do atendimento tem piorado em todo o país
O que acontece em Castelo de Paiva segue uma triste tendência nacional. No último ano, segundo dados do SNS e da Provedoria da Justiça de Portugal, acentuou-se a tendência de crescimento das queixas recebidas sobre matérias relativas tanto como acesso à saúde como em direitos sociais e, mais concretamente à proteção social, a apontar uma degradação da qualidade do serviço prestado aos cidadãos portugueses, colocando em causa a coesão social e o combate à pobreza e exclusão.
Além da degradação da qualidade do serviço, as queixas refletem outro tipo de degradação que também cresce significativamente: a da relação entre o cidadão (beneficiário ou contribuinte) e os serviços públicos, a qual resulta da incapacidade de estes conseguirem, em tempo razoável e com a qualidade mínima, assegurar o direito à informação e a uma resposta imediata e eficaz, apesar dos aumentos orçamentais para estas áreas: 2,3% para a saúde no SNS, números bem abaixo da média do total de crescimento orçamental da despesa de 3,3%.