Os últimos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde revelavam que cerca de 20% da população portuguesa é fumadoras.
Em entrevista ao Polígrafo, o pneumologista José Pedro Boléo – Tomé, que também é especialista em tabagismo alerta para os perigosos acrescidos que os fumadores encontram no meio da pandemia de covid-19.
“Há dois grandes estudos que mostram duas coisas: um deles indica que há 55% mais homens que mulheres afetados pela doença”, destaca o pneumologista. “Importa sublinhar que na China há muito mais fumadores homens. O sexo masculino tem uma taxa de tabagismo altíssima, muito diferente da das mulheres. Nesse estudo, mostrou-se também que quanto maior a idade, maior o risco de doença grave nos homens. Os homens de 60 anos tinham um risco três vezes superior ao das mulheres”, alerta o especialista.
“Isto pode ter duas explicações. Em primeiro lugar, o hábito tabágico. Em segundo, e isto acontece em geral nas infeções virais, que é a vantagem imunológica e resistência que as mulheres parecem ter em relação a este tipo de infeções.”, alerta.
“Sabemos que os tabagismo reduz muitíssimo a capacidade que temos de nos defender das agressões diárias, nomeadamente das infeções. Todos os dias inalamos potenciais patogénios, vírus, bactérias e fungos. Temos defesas para isso. As defesas estruturais, ou seja, a própria forma como está construída a nossa árvore brônquica, e as nossas células que as revestem. Essas células ficam muito danificadas nos fumadores. E quanto mais um indivíduo fuma, mais danificadas ficam”, diz o pneumologista.
“OS FUMADORES SÃO MUITO MAIS SUSCEPTÍVEIS A INFECÇÕES, PORQUE SABEMOS QUE A CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DE ANTICORPOS, QUER O PRÓPRIO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA IMUNITÁRIO, É MUITO MAIS DEFICIENTE. OS FUMADORES TÊM MUITO MAIS PNEUMONIAS BACTERIANAS E INFEÇÕES VIRAIS EM GERAL. SERIA MUITO ESTRANHO SE NÃO OCORRESSE COM O NOVO CORONAVÍRUS”
“E temos defesas no próprio sistema imunitário“, prossegue. “Possuímos células imunológicas nos pulmões, nos alvéolos pulmonares e nos nossos bronquíolos que são a segunda barreira contra estas agressões. Os fumadores são muito mais susceptíveis a infecções, porque sabemos que a capacidade de produção de anticorpos, quer o próprio funcionamento do sistema imunitário, é muito mais deficiente. Os fumadores têm muito mais pneumonias bacterianas e infeções virais em geral. Seria muito estranho se não ocorresse com o novo coronavírus”, conclui José Pedro Boléo Tomé