O Ministério Público decidiu arquivar a investigação à Yupido, a startup tecnológica portuguesa com o maior capital social do país (29 mil milhões de euros), escreve o Jornal de Notícias esta segunda-feira.
Dois anos volvidos após a abertura do inquérito, a investigação acabou arquivada, não levando à constituição de arguidos sobre a empresa cujo capital social supera o das 12 maiores empresas de Portugal, avança o matutino.
A Yupido, criada em 2015, vale mais do que a EDP e a Galp juntas.
“O nosso capital social podia ser igual ao PIB português que isso não era crime”, afirmou, no início do ano, Torcato Jorge, um dos fundadores da empresa.
O diário recorda que em meados de 2019 a Yupido não tinha ainda apresentado qualquer produto. Ainda assim, o fundador da empresa garantia que o projeto iria avançar. “É uma certeza. Nós vamos inevitavelmente pôr este negócio a funcionar”.
Apesar das garantias do responsável, escreve o Jornal de Negócios, a Yupido, que se apresenta como “uma “plataforma digital inovadora de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media”, nada produziu ou apresentou ao mercado, não tendo também atividade pública.
O diário de economia recorda ainda que o registo de mais de 40 patentes anunciado em 2017 não chegou a acontecer. Também a contratação de 206 pessoas assim que o serviço fosse lançado, anunciada no ano seguinte, não aconteceu.
“Todos os procedimentos legais, tanto na constituição da empresa como no aumento de capital, foram cumpridos e aceites pelos órgãos competentes”, frisou Torcato Jorge, em declarações ao Jornal Económico em 2017.
Ao jornal Eco, também em 2017, o porta-voz da empresa, Francisco Mendes, assegurou que a Yupido não era uma “empresa fantasma”. “Nós existimos”, disse.
“Já comunicámos à PJ, enviámos um email e vamos enviar também uma carta registada, a disponibilizarmo-nos para esclarecer qualquer assunto que a PJ possa ter”, frisa ainda Francisco Mendes, realçando que, para a Yupido, “também é fundamental esclarecer” que a empresa não tem “rigorosamente nada” com que se “preocupar”.
“Foi tudo feito dentro da regularidade e não cometemos nenhum crime”, concluiu.
A Yupido captou a atenção dos média em setembro de 2017, depois de o economista Carlos Pinto, atual líder do partido Iniciativa Liberal, ter divulgado na sua conta de Twitter o capital social desta startup tecnológica.
O montante do capital social da empresa foi avaliado pelo revisor oficial de contas (ROC) independente António Alves da Silva, profissional com mais de 50 anos de carreira.
Em maio de 2018, o revisor oficial de contas que atribuiu o valor de 29 mil milhões à empresa foi suspenso pela Ordem dos ROC durante dois anos, depois de ter sido chumbado num processo administrativo de avaliação da idoneidade.
Fonte: ZAP