O lucro da RTP quase triplicou (173,9%) no ano passado face a 2018, para 903 mil euros, o que se traduz em “resultados bastante fortes”, avançou à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração.
Os rendimentos operacionais (contribuição para o audiovisual e receitas comerciais) totalizaram 219,9 milhões de euros no ano passado, uma descida de 8,4% explicada pelos eventos atípicos de 2018 (Festival Eurovisão da Canção e Mundial 2018 de Futebol).
O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentou 20,3% no período em análise para 15,5 milhões de euros e os gastos operacionais diminuíram 10,1% para 204,5 milhões de euros.
No ano passado, os gastos com pessoal aumentaram 5,5 milhões de euros devido essencialmente à integração de prestadores de serviços decorrente do Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), segundo a empresa. A dívida bancária da RTP, por sua vez, reduziu-se em 10,6%.
“Vivemos num contexto de sobriedade e de prudência, mas são resultados bastante fortes”, por duas razões, afirmou Gonçalo Reis. “Em primeiro lugar porque melhorámos em todas as dimensões chave, resultados operacionais a crescerem, resultados líquidos a crescerem, aumento do investimento, que é muito importante para a modernização da empresa, e redução da dívida bancária”.
“Por outro lado, porque é o quinto ano consecutivo. Portanto, há aqui uma trajetória de consistência e de sustentabilidade, que é património para a empresa, nomeadamente para os tempos que aí veem”, salientou o presidente do Conselho de Administração.
Questionado sobre como vê os próximos tempos, tendo em conta a pandemia do novo coronavírus, o presidente da RTP salientou que estes resultados dão “balanço para o enquadramento atual”.
“Temos de ser muito prudentes na gestão de custos e a ajustar os custos às receitas”, afirmou Gonçalo Reis, apontando que o trimestre registou uma “quebra muito significativa das receitas de publicidade”.
Por outro lado, “estamos a ajustar alguns custos de grelha relacionados com grandes produções e grandes eventos nesta altura e essa gestão prudente é que nos permite a capacidade de resposta que temos vindo a demonstrar no enquadramento atual: um pacote muito significativo de apoio à produção independente e às indústrias criativas, um reforço muito significativo da nossa oferta do digital e o projeto #EstudoEmCasa, que foi integralmente assumido pela RTP”, salientou.
Recorde-se que, no primeiro dia do #EstudoEmCasa, a RTP Memória liderou durante mais de duas horas, entre as 09h00 e as 11h30, ultrapassando mesmo a “rainha das manhãs”, Cristina Ferreira.
Durante todo o dia, a RTP Memória foi o quarto canal mais visto de toda a televisão portuguesa, tendo obtido uma audiência média quatro vezes superior ao habitual e com um share de 4,2%.
Apesar de não o admitir diretamente, de acordo com o jornal ECO, a RTP admite mesmo continuar o projeto da telescola mesmo depois da pandemia de covid-19, embora a decisão esteja sempre na mãos do Governo.
Destacando a importância do digital, o presidente do Conselho de Administração avançou que o RTP Play, que tinha um milhão de visitas por semana, passou para 1,8 milhões de visitas, ou seja, “cresceu 80%”.
Por sua vez, o RTP Ensina, “que estava a ter um crescimento de 30% ao ano”, com visitas semanais de 50 mil, passou para “130 mil, um crescimento de 160% nas últimas semanas”, destacou.
“Vamos continuar a apostar nas plataformas digitais”, garantiu, anunciando o lançamento na próxima semana do RTP Palco, dedicado às artes de palco, à música e às artes performativas.
“Acho que é num momento como este que a RTP tem de mostrar que tem capacidade de inovação, responder rapidamente, ter mais oferta cultural, oferta educativa, reforço do digital e apoio à produção independente”, rematou Gonçalo Reis.
Fonte: ZAP