O plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 500 pilotos e a redução em 25% dos seus salários. A companhia aérea vai ainda propor rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial.
O plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 500 pilotos e a redução em 25% dos seus salários, segundo a informação divulgada este sábado pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) após reunião com a administração.
Numa comunicação aos seus associados, a que a Lusa teve acesso, a direção do SPAC diz que durante a reunião de sexta-feira com a administração da TAP foi apresentada a intenção de a empresa “reduzir vencimentos em 25% e de despedir 500 pilotos TAP”. Para 2021, segundo a mesma fonte, a administração pretende contratar 15 pilotos para a Portugália.
A administração confirmou ainda que vai propor aos trabalhadores um pacote de medidas voluntárias, que incluirá rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial, e admite cortes salariais transversais e despedimentos.
Numa comunicação aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a administração refere que “quanto maior for a adesão, menor será a necessidade de outras medidas a decidir futuramente”.
Além de medidas voluntárias, “estão colocados para discussão cenários como a suspensão do pagamento de alguns complementos remuneratórios, cortes salariais transversais, garantindo um valor mínimo que assegure a proteção aos salários mais baixos, e ainda a possibilidade de adequar o número de trabalhadores a uma operação que nos próximos anos será reduzida em 30% a 50%, retrocedendo assim a valores vividos há mais de uma década”.
Também em comunicado, a direção do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) disse que saiu da reunião em que foram apresentadas as medidas laborais que integram o plano de reestruturação “com grande preocupação“, por serem “absolutamente dramáticas”.
Entre elas está a “imposição de uma redução de 25% da massa salarial, medida transversal e imposta a todo o grupo TAP”. Tendo em conta que a TAP pagava cerca de 750 milhões de euros em salários aos cerca de 10.600 trabalhadores, trata-se de uma redução em cerca de 187,5 milhões de euros.
No caso dos tripulantes, está previsto o “despedimento de 750 tripulantes efetivos, para além dos mais de 1.000 contratos a termo denunciados, o que perfaz uma extinção permanente de mais de 1800 postos de trabalho”, segundo o SNPVAC.
Também o Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA) refere que o plano apresentado pelo presidente executivo interino, Ramiro Sequeira, contempla “uma redução da retribuição em 25%, sendo que apesar da insistência da direção, nunca foi esclarecida de que forma será a sua aplicação”.
“Relativamente ao redimensionamento da frota, em 2021 será de 88 aeronaves [face aos atuais 105], estando previsto um ajuste até um máximo de 101 aeronaves até 2025″, acrescenta na nota aos seus associados.
Já o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) recusou transmitir aos associados “os números e cenários apresentados” na reunião: “São números que não acreditamos, e que não batem certo, mas que acima de tudo não podemos aceitar”.
“Gostaríamos de vos divulgar os números, mas voltamos a insistir que neste momento os que nos foram apresentados não nos parecem credíveis e servem para pintar o futuro de forma muito cinzenta”, acrescenta a estrutura sindical, na comunicação aos seus associados, a que a Lusa teve acesso.
O SITEMA adianta que na próxima quinta-feira se reúne com o ministro da tutela – Pedro Nuno Santos -, na qual, acredita, será discutido mais em detalhe o plano para a TAP.
Na nota aos trabalhadores, o SNPVAC considera ainda que os números que lhes foram apresentados “representam danos incalculáveis nas nossas famílias”, tendo transmitido à administração da TAP que “existem soluções alternativas que permitem salvaguardar postos de trabalho, minimizando assim o número total de despedimentos”.
O plano de reestruturação da TAP tem que ser apresentado à Comissão Europeia até 10 de dezembro, sendo uma exigência da Comissão Europeia pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.
Fonte: ZAP