No sábado passado, o primeiro-ministro António Costa pediu ao setor privado para dar tolerância de ponto aos seus funcionários nas vésperas dos feriados de dia 1 e 8 de dezembro. Porém, as empresas consideram “impensável” parar durante dois dias.
A maioria das empresas vai continuar a trabalhar nas vésperas de feriados, contrariando o pedido feito pelo primeiro-ministro de dar tolerância de ponto aos seus funcionários.
O objetivo deste apelo era prolongar para quatro dias consecutivos (entre 27 de novembro e 2 de dezembro e 4 e 8 de dezembro) o período de tempo em que a circulação será mais reduzida para combater a propagação da segunda vaga de covid-19.
Porém, segundo as empresas ouvidas pelo Correio da Manhã, tendo em conta as quebras nos últimos meses, não é possível darem-se ao luxo de parar durante dois dias.
“É como pedir a alguém a afogar-se que deixe a cabeça debaixo de água mais uns minutos”, disse Mário Jorge Machado, da Associação Têxtil de Portugal, em declarações ao CM. “Este ano não será possível porque já tivemos outras paragens forçadas”, continuou César Araújo, da ANIVEC.
Na indústria agroalimentar, parar é “impensável”. “A medida não é proporcional ao que se pretende alcançar”, disse Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA.
As empresas dizem ainda que o pedido do Governo não veio a tempo para alterar a cadeia logística. “Não é com uma semana de antecedência que se organiza”, atirou Rafael Campos Pereira da AIMMAP.
“Entendo o apelo do senhor primeiro-ministro. É de bom senso. Mas a maior parte das empresas privadas não pode dar-se ao luxo de estar parada dois dias, tendo em conta aquilo que tem vindo a sofrer“, dise Manuel Tarré, CEO da Gelpeixe, em declarações ao ECO.
Já Pedro Carreira, presidente da Continental Mabor, considera o apelo do Governo “um pedido para as empresas mais modestas”, acrescentando que “não podemos parar”.
Além disso, com as escolas fechadas nos dias de ponte, muitos trabalhadores estão a pedir dispensa, substituindo esse dia pelo feriado, para poderem alternar os dias em casa com o cônjuge a cuidar dos filhos. Uma das soluções encontradas é dar dias de férias em atraso.
Por outro lado, ainda há algumas empresas que pretendem seguir o apelo de Costa – pelo menos parcialmente. O Dinheiro Vivo adiantou na semana passada que a Autoeuropa ia optar por paragens de dias de trabalho devido à quebra na produção. Assim, os operários vão trabalhar de 2 a 4 de dezembro e param durante quatro dias, incluindo o feriado de 8 de dezembro.
O dstgroup vai “atender ao pedido” mas auinda está a organizar a melhor forma de o fazer.
A ASM Group já tinha prevista uma ponte a 7 de dezembro – e essa será a única que a empresa terá. A Kyaia decidiu considerar dias de férias para as duas “pontes”.
O ECO explica ainda que nas empresas em crescimento e que conseguem ter a maioria dos colaboradores em teletrabalho vão rejeitar fazer ponte, uma vez que o trabalho remoto não exige deslocações.
Fonte: ZAP