Em menos de um mês, Pedro Santana Lopes anunciou a criação de um partido e recolheu as assinaturas necessárias para o formalizar. A Aliança nasce esta terça-feira na sede do Tribunal Constitucional (TC).
Arranca hoje o processo de formalização do Aliança com a entrega de assinaturas no TC, que o deverá tornar a 23.ª formação política em Portugal. De acordo com a Lusa, a entrega será feita pelas 16:00 no Palácio Ratton, em Lisboa.
A recolha de assinaturas foi feita em tempo recorde – em apenas 21 dias e em pleno mês de agosto – e até angariou mais assinaturas do que as exigidas pela lei.
Fonte da estrutura partidária revelou que serão entregues mais do que as 7.500 assinaturas determinadas por lei, salientando que estas chegaram de todo o país, Continente e Regiões Autónomas, e também das comunidades portuguesas emigrantes.
“Está tudo a correr bem, muito bem!”, foi assim que o antigo líder do PSD reagiu, em declarações ao Diário de Notícias, à criação do Aliança.
De acordo com o jornal i, que puxa o tema para a sua capa, o próximo passo do partido passa por fazer uma volta a Portugal, para passar a mensagem de que o Aliança já é oficialmente um novo partido. Será low-cost e terá uma academia de jovens a funcionar durante todo o ano, revela o diário.
No início de agosto, Santana Lopes confirmou a saída do PSD ao fim de 40 anos de militância e a intenção de formar um novo partido, o Aliança. “O que constatei foi que o PSD gostava muito de ouvir os meus discursos, mas ligava pouco às minhas ideias”, justificou, numa carta enviada aos militantes.
Personalismo, liberalismo e solidariedade
Pouco depois, a 20 de agosto, foi divulgada a declaração de princípios do partido, na qual a Aliança afirma ter a sua matriz assente em “três eixos fundamentais: personalismo, liberalismo e solidariedade”.
Nessa mesma data, foi anunciado o início da recolha de assinaturas e, em 15 de setembro, Santana Lopes revelou terem sido ultrapassadas as 7.500 necessárias para a formalização do partido, tempo que considerou “extraordinário” e “sem precedentes”, numa publicação no Facebook.
A declaração de princípios do partido Aliança defende menos Estado, menos carga fiscal e mais alternativas (privadas) nas contribuições à segurança social e no acesso à saúde, assumindo querer ser mais exigente com a União Europeia.
Como “imperativo absoluto”, o partido elege a coesão territorial, destacando-se a importância da “descentralização de entidades e serviços de modo equitativo e planificado por todo o território nacional”.
Em matéria de costumes, a Aliança diz rejeitar “as visões utilitaristas, materialistas e egoístas da vida humana”.
No sistema político, defende-se a criação de uma câmara alta no parlamento (Senado), à semelhança do que existe em alguns países europeus, bem como a introdução de círculos uninominais e a redução do número de deputados.
Em declarações ao Público, Santana Lopes afirmou que a Aliança vai concorrer às europeias de maio, mas assegurou que não será candidato nestas eleições. Sobre legislativas, disse, à SIC, que a ambição é “lutar para ganhar” ao PS de António Costa.
Numa primeira reação, o presidente do PSD, Rui Rio, classificou a criação da Aliança por Santana Lopes como “o concretizar de um sonho” do antigo primeiro-ministro e desvalorizou os efeitos que poderá ter nos resultados eleitorais do seu partido.
Mais tarde, no programa da TSF, Rio elogiou até a frontalidade” de Santana Lopes: “Posso discordar dele ter saído, podemos até achar que é incoerência, candidatou-se a líder e depois sai. Mas, há pelo menos uma frontalidade, sai e agora está legitimado para criticar”, considerou o atual líder do PSD.
Quando se concretizar a sua formalização, a Aliança será o 23.º partido político português registado no Tribunal Constitucional.
Nos últimos dez anos, desde 2008, foram inscritos no TC 11 novos partidos, dos quais apenas um, o partido Pessoas-Animais-Natureza, registado em 2011, conseguiu eleger um deputado à Assembleia da República, André Silva, nas eleições legislativas de 2015.
O partido mais jovem, com apenas nove meses, é a Iniciativa Liberal.
Fonte: ZAP