Uma equipa de cientistas elaborou um plano bizarro para combater as alterações climáticas no Ártico: encher a região com manadas de vários animais.
Manadas de cavalos, bisontes e renas podem ter um papel importante em salvar o mundo de uma aceleração do aquecimento global. Esta é a conclusão de um estudo recente que mostra a forma como os herbívoros, ao pastar, podem diminuir o ritmo do degelo do permafrost no Ártico.
De acordo com o CBS News, a ideia passa por encher o Ártico com manadas de animais que, ao pastar naquela região, ajudarão a manter o permafrost congelado. Segundo os investigadores, isto poderia salvar 80% do permafrost do Ártico até 2100.
Quando neva no Ártico, a neve serve como uma camada de isolamento entre o solo e o ar muito mais frio acima dele. À medida que a mudança climática piora, este isolamento ameaça permitir que a temperatura do solo suba ao ponto de o permafrost começar a derreter.
É neste contexto que entram os animais. De acordo com as simulações, cujas conclusões foram publicadas em março na revista científica Scientific Reports, os grandes herbívoros não só dispersam o isolamento da neve enquanto andam, mas também ajudam a selar e compactar o solo.
“Este tipo de manipulação natural em ecossistemas especialmente relevantes para o sistema climático mal foi estudado até ao momento, mas possui um potencial tremendo”, disse Christian Beer, professor da Universidade de Hamburgo e principal autor do estudo.
Questionado sobre quão realista seria povoar com suficientes animais para a fazer a diferença, Beer disse que não tinha a certeza. “Pode ser utópico imaginar a reinstalação de manadas de animais selvagens em todas as regiões de permafrost do Hemisfério Norte, mas os resultados indicam que o uso de menos animais ainda produziria um efeito de arrefecimento”.
“Hoje temos uma média de cinco renas por quilómetro quadrado no Ártico. Com 15 por quilómetro quadrado, já conseguimos salvar 70% de permafrost, de acordo com os nossos cálculos”.
Porém, nem toda a gente está convencida, uma vez que este estudo levanta questões sobre a sua viabilidade. “A menos que o plano seja cobrir milhões de quilómetros quadrados com cavalos, bisontes e renas, como é que isso poderia ter algum impacto significativo?”, questionou Rick Thoman, especialista em clima do Centro Internacional de Pesquisa do Ártico, à CBS.
Agora, Beer planeia colaborar com biólogos para investigar a forma como os animais realmente se espalhariam pela paisagem do Ártico.