Um estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia admite que, para pagar a enorme dívida acumulada devido à pandemia de covid-19, será necessário, no futuro, cortar despesa ou aumentar impostos.
De acordo com o Diário de Notícias, o Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) fala de “um possível agravamento da carga fiscal futura na sequência do aumento da dívida pública” que terá um “efeito recessivo sobre a procura doméstica”.
“Embora a poupança forçada que está a ocorrer durante a crise venha a ser progressivamente reduzida, com um efeito positivo temporário na recuperação dos sectores mais afetados, este efeito não será suficiente para compensar a quebra do consumo associado ao confinamento e à redução do rendimento por via do aumento do desemprego e do previsível reforço da carga fiscal”, escrevem os autores do estudo.
“Tendo em conta o elevado endividamento da economia portuguesa, a possibilidade de gerir a dívida de forma sustentável sem recurso a uma política orçamental mais restritiva poderá estar mais limitada. O efeito desta política (quer através de cortes nas despesas ou de um agravamento da carga fiscal) exercerá certamente um efeito recessivo sobre a procura doméstica prejudicando a retoma da economia”, lê-se no documento citado pelo DN.
Os autores concluem que os apoios “deverão estar especialmente orientados para sectores com vocação externa e sujeitos a concorrência internacional“, por estarem “menos dependentes do mercado nacional, onde o elevado endividamento irá condicionar mais a evolução da procura doméstica”.
Segundo o DN, os autores destacam o turismo devido à importância que tem tido nos últimos anos. “Qualquer apoio ao sector do turismo deverá ser orientado para segmentos de mercado onde o crescimento do sector possa ser sustentado (por exemplo, segmento de luxo ou turismo ecológico ou de saúde), menos afetados pelo aumento de preço das viagens”, indicando que “será espectável que o designado “turismo de massas” bem como as deslocações de negócios (congressos, conferências) sofram uma redução substancial nos próximos tempos”.
Entre os setores de atividade que poderão recuperar mais rapidamente e de forma mais sustentada encontram-se o setor automóvel, a fileira do papel, a agricultura ou a indústria da madeira.
As projeções do Ministério das Finanças apontam para uma dívida de 134,4% do PIB, sendo ultrapassadas pelas projeções da OCDE: 136%.
O novo ministro das Finanças, João Leão, tem dito que o Orçamento Suplementar não implica cortes nos apoios sociais nem aumento de impostos. Porém, em meados de abril, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira afirmou que “a despesa do Estado hoje são impostos amanhã quando foi questionado sobre apoios a fundo perdido para as empresas.
O primeiro-ministro António Costa tem rejeitado várias vezes uma política de austeridade.
Fonte: ZAP