Um estudo recente liderado pela pesquisadora Gizela Silva, da Universidade do Minho, investigou a aquisição de linguagem em crianças portuguesas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com idades entre 36 e 72 meses. A pesquisa, realizada em colaboração com Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues da Califórnia University FCE, Vanessa Schmitz Bulcão da Clínica e da Saúde e Murillo Ribeiro Moreira de Lima da Universidade do Minho, foi publicada na Revista Veritas de Difusão Científica
O estudo comparou o vocabulário de crianças com TEA ao de crianças com desenvolvimento típico, buscando identificar correlações com fatores sociodemográficos. Os resultados revelaram que crianças com TEA apresentam um vocabulário menor em comparação com crianças com desenvolvimento típico, especialmente em termos relacionados a estados mentais e emoções.
A pesquisa também explorou a relação entre o desenvolvimento da linguagem e a aquisição de termos de estado mental, como “pensar”, “saber” e “acreditar”. Crianças com TEA demonstraram dificuldades na compreensão e uso desses termos, que são cruciais para a interação social e a compreensão das emoções e pensamentos dos outros.
Embora o estudo tenha encontrado correlações significativas entre o desenvolvimento da linguagem e fatores sociodemográficos, como a escolaridade dos pais, os autores enfatizam que essas correlações não implicam causalidade direta. O desenvolvimento da linguagem é um processo complexo influenciado por uma variedade de fatores ambientais e individuais.
As descobertas deste estudo têm implicações importantes para a intervenção precoce em crianças com TEA. Ao identificar as dificuldades específicas na aquisição da linguagem, os profissionais de saúde e educação podem desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes, como terapias de fala e linguagem, para auxiliar no desenvolvimento da comunicação e interação social dessas crianças.
A pesquisa também destaca a necessidade de mais estudos sobre a aquisição da linguagem em crianças com TEA, incluindo pesquisas longitudinais que acompanhem o desenvolvimento da linguagem ao longo do tempo e estudos que investiguem a influência de diferentes intervenções terapêuticas.