A nova lei que proíbe o abate nos canis entra em vigor em setembro deste ano. Só em 2017 os municípios portugueses abateram perto de 12 mil cães e gatos.
Em setembro deste ano, a nova lei que proíbe o abate nos canis municipais como forma de controlar o número de animais errantes entra em vigor. No entanto, segundo o Público, a quatro meses desta proibição, ainda há muitas autarquias que não estão preparadas, apesar de o Governo já ter anunciado esta mudança há dois anos.
Só em 2017 os municípios portugueses abateram cerca de 12 mil cães e gatos, o que corresponde, em média, a mais de um animal morto por hora. A par disso, ainda existem 31 concelhos no continente que nem sequer têm canis para abrigar os animais.
Segundo o jornal, há poucos dias, num debate promovido pelo PAN, o diretor-geral de Veterinária admitiu a possibilidade de o Executivo vir a estender o prazo de dois anos que deu, em 2016, às autarquias para que adaptassem os centros de recolha ou construíssem, no caso de não os terem. Uma observação que gerou muitas críticas.
“É lamentável. É quase má-fé”, disse a provedora dos animais de Lisboa, Marisa Quaresma dos Reis, em declarações ao Público, que critica não só a “inércia” das autarquias como a “negligência” do Governo que, só no mês passado, lançou o programa de incentivos financeiros de um milhão de euros (inicialmente tinha sido anunciado que seriam dois).
“Existem alternativas mais humanas do que continuarmos a abater”, acrescenta a provedora, apontando o exemplo de Istambul, onde são os habitantes a cuidar dos cães que vivem na rua. “São vacinados e tratados e existem disponibilizadores automáticos de comida que funcionam com moedas”, explica.
Pelas contas do PAN, citadas pelo diário, 23% dos municípios ainda matam animais saudáveis. “A solução é pressionar os municípios, que são obrigados desde 1925, há quase cem anos, a ter centros de recolha”, declara a jurista Cristina Rodrigues, apontando a externalização destes serviços como um caminho possível.
Porém, na opinião da presidente da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios, Vera Ramalho, as autarquias não estão preparadas. “Estamos a querer fazer à pressão aquilo [campanhas de esterilização] que outros países fizeram em 20 ou 30 anos”.
A responsável prevê que se esta lei entrar em vigor em setembro o aumento de animais a circular nas ruas vai aumentar ainda mais. No ano passado, foram recolhidos 40.674 animais, as eutanásias aumentaram cerca de 25% e só 16.144 animais presos nos canis tiveram a sorte de ser adotados.
Por isso, a líder dos veterinários municipais deixa a questão: “É mais desumano ser eutanasiado ou estar dez anos fechado numa jaula?”.
Fonte: ZAP