O interesse das empresas portuguesas pela faturação eletrónica está a aumentar, uma tendência que é sentida pelas companhias que desenvolvem tecnologia nesta área, ou que criaram soluções de certificação.
Em causa, um decreto-lei do Governo que abre caminho para o fim definitivo das faturas em papel, o que está a desencadear uma corrida cada vez maior à adoção da fatura eletrónica, seja no segmento de business to business (B2B), seja no segmento de business to consumer (B2C). Concretamente em relação a este último, os consumidores comuns só vão receber fatura em papel se a solicitarem, já a partir de janeiro.
Abre-se a porta a que, no retalho, se possa pôr de lado a fatura em papel e agilizar a faturação com recurso à tecnologia, adotando um conceito que já é uma realidade há muito tempo nos serviços básicos, como água, luz e gás e telecomunicações.
A isto, somam-se dois outros motivos, escreve o Eco: por um lado, já a partir de 2019, todas as faturas emitidas por fornecedores ao Estado vão ter de ser eletrónicas, ao abrigo de uma medida do Simplex+2018. Por outro, os gestores podem reduzir a despesa com o papel.
Para emitir uma fatura eletrónica, não basta que o documento ou talão sejam convertidos para um ficheiro do tipo PDF. A faturação eletrónica significa que os dados da transação são comunicados por via eletrónica ao Fisco. Daí serem necessários programas informáticos com características específicas, que respeitam determinadas regras de comunicação e de certificação dos ficheiros.
A Multicert, empresa de certificação digital que tem a SIBS como acionista maioritário, nota que a procura pelas soluções de faturação digital está a disparar.
“Nos últimos 30 dias, fizemos mais pedidos de fornecimento de faturas eletrónicas do que em todo o ano passado. Ou seja, este mês, fomos abordados por um número de clientes, que querem emitir faturas para outros, que é superior a todo o ano de 2017 junto”, revelou o presidente executivo da Multicert, Jorge Alcobia, ao mesmo jornal.
Também a PHC admitiu estar a verificar um crescimento do interesse das empresas portuguesas no tema da fatura eletrónica. Fonte oficial da tecnológica disse que, “o que se nota mais recentemente é a necessidade crescente por parte das empresas que faturam para a Função Pública”, pois “estas vão ser obrigadas” a emitir este tipo de faturas.
“Temos notado uma maior procura de uma solução concreta”, frisou a mesma fonte da PHC, lembrando que, “nos últimos anos, as empresas portuguesas têm vindo a aderir à fatura eletrónica”.
Na Sage Portugal, o tema também está a ganhar mais relevância, com a diretora de marketing de produto, Cristina Francisco, a falar de uma “lufada de ar fresco” nos últimos meses para a faturação eletrónica: “Estamos a receber imensas questões de empresas que têm relações com a Administração Pública”, disse.
A profissional apontou ainda numa “outra vertente”, a do “consumidor final”, que vai ter a partir de janeiro “a possibilidade de a fatura não ser impressa em papel”, o que está a suscitar “algumas dúvidas” às empresas.
Mas, apesar de a Sage Portugal ainda não notar uma adoção massiva da fatura eletrónica, Cristina Francisco reconheceu que é para aí que caminha o tecido empresarial português: “Efetivamente, os pedidos aumentam. E acreditamos que vai haver aqui um boom.”
Não é de estranhar que o retalho esteja atento a esta nova tendência. Sobretudo as grandes retalhistas, que veem nestas tecnologias uma forma de poupança significativa em papel, por terem de emitir faturas em quantidades massivas – e são estas as que mais beneficiam com a poupança.
Uma dessas marcas é o Continente, que anunciou esta semana que os clientes com Cartão Continente ou Cartão Universo podem passar a pedir fatura eletrónica. Esta é automaticamente enviada por email após feitas as compras nas principais insígnias de hipermercados e supermercados da Sonae.
A intenção passa ainda por alargar a fatura eletrónica a outras marcas da Sonae, como a Well’s, a Zu e a Go Natural. Para a empresa, a poupança pode chegar às 193 toneladas de papel por ano.
Em setores como as telecomunicações e utilidades, a adoção da fatura eletrónica pressupõe um benefício concreto para o cliente – tráfego ilimitado na Internet, desconto na fatura, etc. . – sendo um benefício partilhado entre clientes e empresas. No caso do Continente, não há um benefício monetário direto, mas a promessa para é de poupança de tempo e uma maior contribuição “para poupar o ambiente”.
Fonte da PHC falou num “conjunto de vantagens importantes” que vão tornar “o tecido económico mais competitivo”. “A desmaterialização, a diminuição de custos na produção de documentos, a maior rapidez nas transações e a eficiência administrativa são alguns exemplos disso mesmo”, concluiu a mesma fonte.
Fonte: ZAP