Nas profundezas do espaço, astrónomos identificaram algumas das galáxias mais antigas do Universo a orbitarem a Via Láctea. Encontrar estas entidades cósmicas é como encontrar os restos dos primeiros humanos que habitaram a Terra.
Segundo os autores da investigação, publicada nesta quinta-feira na revista Astrophysical Journal, as galáxias anãs Segue-1, Bootes I, Tucana II e Ursa Maior I, descobertas entre 2005 e 2015, terão mais de 13 mil milhões de anos. O Universo tem uma idade calculada em 13,8 mil milhões de anos.
A equipa de astrónomos estimou o tempo de formação destas galáxias-satélite da Via Láctea a partir de um modelo de formação de galáxias desenvolvido anteriormente, refere em comunicado a universidade britânica de Durham, que participou no estudo.
Um dos investigadores e diretor do Instituto para a Cosmologia Computacional da Universidade Durham, Carlos Frenk, compara os dados descritos à “descoberta da origem dos primeiros humanos que habitaram a Terra”. “É extremamente excitante“, disse o investigador ao The Independent.
A formação das primeiras galáxias levou ao fim do período das trevas do Universo, que durou cerca de cem milhões de anos.
De acordo com o estudo, foram identificadas duas populações de galáxias-satélite da Via Láctea: uma que nasceu durante a fase cósmica da escuridão e outra ligeiramente mais brilhante que se formou centenas de milhões de anos depois.
“Um aspeto interessante deste trabalho é ver que ele destaca a complementaridade entre as previsões de um modelo teórico e os dados reais“, disse Sownak Bose, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, que liderou a pesquisa.
“Há uma década atrás, as galáxias mais fracas nas proximidade da Via Láctea teriam passado despercebidas”, apontou, explicando que “com a crescente precisão dos atuais e futuros levantamentos, um novo conjunto de pequenas galáxias chegou até à luz, permitindo-nos testar modelos teóricos em novos regimes”, rematou o investigado.