O Governo da região autónoma da Madeira vai processar a TAP por danos na economia regional causados pelos cancelamentos e atrasos nos voos com origem e destino na Madeira.
Miguel Albuquerque, chefe do executivo madeirense, avançou com esta possibilidade esta terça-feira, numa cerimónia com responsáveis hoteleiros. Esta quarta-feira, confirmou ao jornal Público que o Governo já contactou um escritório de advocacia para iniciar o processo contra a companhia aérea TAP.
“Vamos avançar judicialmente contra a TAP, reclamando uma indemnização pelos elevados prejuízos à economia madeirense“, afirmou Miguel Albuquerque, contabilizando mais de 70 voos cancelados desde o início do ano, que afetaram “deliberadamente” cerca de 10 mil passageiros para a Madeira.
Para o líder do Governo regional, os voos cancelados para a Madeira são uma estratégia da companhia, dado que, explica, sai mais barato cancelar voos para o arquipélago, dada a distância entre os aeroportos, do que para outros destinos europeus. “É uma vergonha a forma como a TAP tem tratado os madeirenses e prejudicado a nossa economia nos últimos meses.”
A companhia aérea nacional insiste em sabotar a economia regional, sobretudo “numa altura em que a Madeira é eleita pelo quinto ano consecutivo como Melhor Destino Insular Europeu”, aponta Albuquerque, sublinhando que 80% dos turistas chegam ao arquipélago por via aérea.
Os cancelamentos levam os turistas a passar os dias de férias nos aeroportos e a perder ligações, fatores que pesam na escolha do destino de férias.
Segundo Miguel Albuquerque, a TAP, como companhia nacional, deveria ter mais atenção à Madeira. No entanto, acontece o oposto. “A TAP, com uma política de preços em que pratica tarifas pornográficas para a Madeira e muito baratas para outros destinos concorrentes, está a promover a concorrência”, denuncia.
O presidente do governo regional diz ainda que o Governo regional já alertou o Governo para esta problemática, mas tanto o primeiro-ministro como o ministro das Infraestruturas “preferem assobiar para o lado“.
Se o tratamento dado pela TAP à Madeira é uma “vergonha”, a passividade com que Lisboa assiste a este problema não é menos vergonhosa. “A forma como Estado português, que é sócio maioritário da TAP, se tem comportado, demonstra que não tem a mínima preocupação nem com a Madeira, nem com os madeirenses”, diz Albuquerque.
“A TAP está com rédea livre, e a administração acha que pode fazer o que quiser”, conclui.
Fonte: ZAP