Um estudo realizado por neuro-cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, sugere que poderá existir uma relação entre o stress, as insónias e um fraco sistema imunitário.
Investigadores do laboratório Cold Spring Harbor e da Universidade de Stanford descobriram qual é o circuito cerebral responsável pelas noites sem dormir causadas pelo stress – e parece que este circuito é também responsável por algumas alterações no nosso sistema imunitário.
O estudo, publicado no início do mês na Science Advances, liga e explica dois problemas comuns: as insónias e um fraco sistema imunitário. Jeremy Borniger, um dos autores do estudo, disse que a insónia induzida pelo stress é bem conhecida por qualquer pessoa que tenha tentado adormecer com um prazo para cumprir no dia seguinte.
“No mundo clínico, há muito tempo que se sabe que pacientes diagnosticados com stress crónico, normalmente, reagem pior a diversos tratamentos de outras doenças“, disse o cientista. Esta reação deve-se à libertação de cortisol, a hormona do stress.
Os investigadores encontraram evidência de que os neurónios sensíveis ao stress, que libertam cortisol, estão diretamente ligados a outros neurónios que promovem a insónia. A equipa usou opto-genética em ratos geneticamente modificados para poder bloquear este circuito neural, fazendo com que os ratos dormissem mesmo após uma experiência stressante, ou ativá-lo, fazendo com que os roedores acordassem imediatamente.
“Parece que é um interruptor bastante sensível, visto que mesmo uma estimulação muito fraca do circuito pode levar à insónia”, disse Borniger.
Os cientistas da universidade americana examinaram, ainda, os efeitos da estimulação do circuito neural na atividade do sistema imunológico. O stress afeta significativamente a abundância de algumas células imunes no sangue, e o estudo concluiu que o mesmo circuito cerebral consegue recriar estas alterações.
Borniger diz que entender como é que o stresse provoca insónia e imunossupressão ajuda os investigadores a encontrar novos tratamentos para uma série de doenças auto-imunes. A estimulação desse circuito pode trazer novas formas de tratar doenças e de reduzir os efeitos negativos do stresse no sono.
O investigador acrescentou que o seu interesse na manipulação destes circuitos do cérebro se deve, não só ao facto de poder controlar o sistema imunitário, mas também doenças inflamatórias como o cancro e a psoríase.
“Se pudermos entender e manipular o sistema imunológico usando os circuitos naturais do corpo em vez de usar uma droga que atinge certos alvos dentro do sistema, penso que seria muito mais eficaz a longo prazo, porque só associa os circuitos naturais do corpo”, rematou.