Híbridos de pitão recém-descobertos no sul da Florida, nos Estados Unidos, podem ser mais fortes e adaptáveis ao meio ambiente do que os seus familiares “não-híbridos”.
Geneticamente falando, as pitons são, na sua maioria, pitons birmanesas (Python bivittatus). Estes animais foram levados para a Florida como animais de estimação exóticos e foram introduzidas no deserto do estado norte-americano na década de 1980. Desde então, as pitons birmanesas aumentaram o seu número para dezenas de milhares e travam atualmente uma guerra contra pequenos mamíferos.
De acordo com um novo estudo, publicado há duas semanas na revista Ecology and Evolution, algumas destas pitons birmanesas carregam traços genéticos de outras espécies distintas, tornando-as assim híbridos robustos.
Um grupo de investigadores descobriu este híbridos enquanto analisava tecidos provenientes das caudas de 426 pitons birmanesas, recolhidos entre 2001 e 2012, no sul da Florida, incluindo o parque nacional de Everglades. Durante a investigação, os cientistas descobriram que 13 das cobras analisadas tinham marcas genéticas da pitão indiana (Python molurus) no seu ADN mitocondrial – composto orgânico que é passado da progenitora para as crias.
No entanto, e de acordo com o Guardian, isto não significa que haja uma espécie híbrida e perigosa a ameaçar a Florida. Pelo contrário, os investigadores acreditam que o cruzamento ocorreu há muito tempo, antes mesmos das pitons se começarem a multiplicar e expandir pelo território da Florida.
Segundo o estudo, esta combinação de genes robustos oriundos de diferentes espécies pode criar pitons com “vigor híbrido”, isto é, pitons capazes de viver em diversos ambientes e melhor adaptadas às mudanças climáticas. As pitons indianas preferem viver em áreas mais altas e secas, enquanto que as birmanesas gostam de água, preferindo viver em florestas ribeirinhas ou campos inundados.
“O facto mais importante é que a população de pitons da Birmânia é grande e, provavelmente, continuará a crescer, prejudicando as populações de animais nativos”, disse a autora principal da investigação, Margaret Hunter, em declarações à ABC.
Ambas as espécies que deram origem ao híbrido são espécies invasores. A Fox News apelida mesmo estes híbridos de “super-cobras”.
De acordo com a National Geographic, as pitons birmanesas são nativas do sudeste asiático e podem crescer até aos 7 metros e pesar até 91 quilos. Estas cobras são “a grande escolha dos donos de répteis”.
Já as pitons indianas, são menores e mais rápidas, sendo nativas da Índia, Sri Lanka, Paquistão e Nepal, de acordo com o jardim zoológico de Maryland.