O risco sísmico na Califórnia pode ser maior do que pensávamos. Há 75% de probabilidade de ocorrer um terramoto de magnitude 7 (ou mais) nas próximas três décadas.
Foram descobertos movimentos totalmente inesperados na área central da falha de Santo André, na Califórnia, Estados Unidos.
Cientistas da Universidade do Arizona revelaram que nesta área da falha, que tem cerca de 145 quilómetros de comprimento, há “terramotos lentos” que não são notados pelas pessoas, mas que podem ser um autêntico perigo, podendo desencadear terramotos poderosos no futuro.
Até agora, pensava-se que os movimentos lentos e estáveis nessa área da falha de Santo André permitiam libertar a energia que se acumula nessa área. No entanto, o novo estudo, publicado esta segunda-feira na Nature Geoscience, sugere que esses movimentos tectónicos são mais intensos e esporádicos.
“Descobrimos que essa parte da falha tem um movimento médio de cerca de três centímetros por ano”, afirma Mostafa Khoshmanesh, um dos autores do recente estudo. “Às vezes, esse movimento estagna completamente, mas há outras em que essa área se desloca até 10 centímetros por ano.”
Estes episódios lentos e esporádicos levam a uma aumento da pressão nos segmentos fechados da falha a norte e sul da secção central, explica Manoochehr Shirzaei, outro investigador. Essas secções, lembra o cientista, já experimentaram dois terramotos de magnitude 7,9 em 1857 em Fort Tejon e em 1906, em San Francisco.
“Com base nas nossas observações, acreditamos que o risco sísmico na Califórnia varia com o tempo e é provavelmente maior do que pensávamos até agora“, diz Shirzaei. O cientista adverte para a importância de incluir estimativas precisas desse risco variável nos sistemas de previsão de terramotos, de modo a diminuir as consequências.
De acordo com os modelos atuais, sublinha Khoshmanesh, há uma probabilidade de um terramoto de magnitude 7, ou mais, ocorrer tanto a sul como no norte da Califórnia nas próximas três décadas. Os cientistas manter-se-ão atentos.