A fase de instrução do processo do homem acusado de atropelar mortalmente o italiano Marco Ficini junto ao Estádio da Luz, em Lisboa, em abril do ano passado, começa hoje no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
A instrução – fase facultativa que visa decidir se os arguidos vão a julgamento – foi requerida por vários dos 22 arguidos, incluindo Luís Pina, que, no requerimento de abertura de instrução, sustenta que “nunca teve intenção” de atropelar e “muito menos matar um ser humano”, pedindo para não ir a julgamento.
O início da fase de instrução está agendado para as 10:30, com continuação na quarta-feira, mas ambas as sessões, marcadas para ouvir arguidos, deverão ser à porta fechada, enquanto o debate instrutório, agendado para as 10:30 de quinta-feira, vai decorrer à porta aberta.
Luís Pina, que estava em prisão preventiva desde 29 de abril, foi libertado em 02 de março porque não foi proferida decisão instrutória no prazo máximo de dez meses após a data em que lhe foi aplicada aquela medida de coação.
O Ministério Público (MP) acusou 22 arguidos (10 adeptos do Benfica com ligações aos No Name Boys e 12 adeptos do Sporting da claque Juventude Leonina). Luís Pina está acusado do homicídio de Marco Ficini e de outros quatro homicídios, na forma tentada, e os restantes arguidos estão acusados de participação em rixa, dano com violência e omissão de auxílio.
A vítima pertencia à claque do clube italiano Fiorentina O Club Settebello, era adepto do Sporting e morreu após um atropelamento e fuga junto ao Estádio da Luz, na sequência de confrontos ocorridos na madrugada de 22 de abril, horas antes de um jogo entre o Sporting e o Benfica, da 30.ª jornada da I Liga, da época passada, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Segundo a acusação do MP, a que a agência Lusa teve acesso, nessa madrugada, um grupo de adeptos do Benfica dirigiu-se às imediações do Estádio de Alvalade e lançou um foguete luminoso de cor vermelha na direção do topo sul do estádio.
Adeptos sportinguistas, que se encontravam no Estádio de Alvalade a distribuir bilhetes e a preparar as coreografias da claque Juventude Leonina para o jogo que iria decorrer nesse dia, colocaram-se então em diversos automóveis e, em caravana, dirigiram-se ao Estádio da Luz a fim de “ripostarem” pelo lançamento do foguete luminoso, levando consigo barras de metal.
Na caravana seguiam 12 dos arguidos, adeptos do Sporting, e ainda Marco Ficini, simpatizante do Sporting que tinha viajado de Itália para assistir ao jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica.
Durante os confrontos e perseguições que se seguiram, Luís Pina terá atropelado mortalmente Marco Ficini, “arrastando o corpo por 15 metros”, imobilizando o carro só “depois de ter passado completamente por cima do corpo da vítima”, descreve a acusação, acrescentando que o arguido abandonou o local “sem prestar qualquer auxílio”.