Já estarão identificados os dois deputados que terão assinado as presenças de José Silvano, secretário-geral dos sociais-democratas, no Parlamento. Mas nem o Parlamento, nem o PSD vão actuar, por falta de meios legais para o efeito.
De acordo com o que apurou o Jornal de Notícias (JN), o PSD já tem na sua posse os nomes de dois deputados que serão suspeitos de terem assinado as presenças de José Silvano, nos plenários parlamentares de 18 e 24 de Outubro, utilizando a password do secretário-geral do partido.
Estes dois deputados, que não são identificados pelo jornal, serão “muito próximos de José Silvano” e ambos negaram ao diário “alguma vez ter assinado a sua presença”. Um deles terá sido eleito por um círculo do Norte, e o outro pelo Centro do país, como frisa o JN.
O PSD terá obtido a informação através dos serviços da Assembleia da República (AR), mas o Parlamento não deverá actuar relativamente ao alegado uso indevido da password de José Silvano.
O Público apurou junto de fontes da AR que o Presidente Ferro Rodrigues “não prevê tomar mais iniciativas”, para lá da “averiguação interna” que já foi lançada.
O Grupo Parlamentar do PSD também não deverá actuar por não ter “instrumentos legais para sancionar o registo falso de presenças em reuniões plenárias”, frisa o Público.
Assim, o caso está entregue à justiça, depois de a Procuradoria-Geral da República ter aberto um inquérito.
Entretanto, ficam no ar suspeitas quanto à motivação dos dois deputados que assinaram por Silvano, surgindo dúvidas sobre se terão agido por iniciativa própria, com a intenção de ajudar o secretário-geral do PSD, ou para o prejudicar.
Silvano suspeita que querem prejudicar direcção de Rio
José Silvano já garantiu que não pediu a ninguém para picar o ponto por ele. “Não pedi a ninguém que registasse a minha presença no plenário”, frisou em conferência de imprensa no Parlamento, salientando que está também “convencido que nenhum outro deputado o terá feito”.
“Quem não deve não teme”, garantiu ainda Silvano, frisando que é “um homem honrado, com mais de 30 anos de vida pública”. “Nunca ninguém me apontou qualquer irregularidade ou colocou em causa a minha honorabilidade até ter aceitado desempenhar o cargo de secretário-geral do PSD, na direcção nacional do dr. Rui Rio”, acrescentou, lançando suspeitas sobre um eventual estratagema para prejudicar o presidente do partido.
Rui Rio recusou comentar o assunto, esquivando-se a perguntas de um jornalista da SIC falando em alemão.
Mas o Comissário Europeu Carlos Moedas, que é militante do PSD, salientou que espera que “aquilo que se leia não seja verdade“. “É importante para tudo o que é a democracia que os deputados tenham maneira de actuar que não tenha nenhuma falta ou incorrecção”, considerou em Helsínquia, no âmbito do Congresso do Partido Popular Europeu.
Fonte: ZAP