O governo japonês aprovou os planos para criar embriões de animais com células humanas, resultando naqueles que serão os primeiros híbridos entre humanos e ratos.
A equipa nipónica de cientistas de células estaminais recebeu total apoio do governo para criar estes híbridos, após a proibição da prática ter sido anulada no início deste ano. Os planos dos cientistas passam por usar células humanas em embriões de ratos e, posteriormente, transplantar esses mesmos embriões num terceiro animal.
Além de motivados pela pura curiosidade científica, os cientistas têm a ambição de que, um dia, os animais tenham órgãos produzidos com células humanas, que possam eventualmente servir de transplante para pessoas em necessidade.
Esta não é a primeira tentativa de alcançar este feito, explica a Nature. Embriões híbridos humano-animais já foram feitos em países como os Estados Unidos, mas as gravidezes nunca foram levadas até ao fim.
“Finalmente, estamos em posição para iniciar estudos sérios neste campo após dez anos de preparação”, disse o investigador Hiromitsu Nakauchi ao jornal japonês Asahi Shimbun.
“Não esperamos criar órgãos humanos imediatamente, mas isto permite-nos avançar na nossa investigação com base no know-how que conquistamos até ao momento”, acrescentou Nakauchi. Uma inovação desta escala poderia permitir reduzir ou até mesmo acabar com as listas de espera para transplantes de órgãos.
Para conseguirem isto, os cientistas vão usar embriões incapazes de produzir pâncreas, depois vão incorporar células estaminais, para que o embrião produza um pâncreas através de células humanas. O estudo original foi publicado na revista Natura em 2017.
Os cientistas vão ser altamente cautelosos, parando a experiência caso demasiadas células humanas entrem no cérebro do embrião. Os investigadores pretendem evitar algumas preocupações éticas que surgem com experiências deste género.
“Eu não acho que seria moralmente pior do que criarmos porcos para carne, mas o meu palpite é que a maneira de criar porcos para recolher órgãos exigiria um afastamento da forma atual como os porcos são criados para investigação”, realçou Carolyn Neuhaus, médica do The Hastings Center, em declarações ao Gizmodo.