Paulo Novais / Lusa
O ex-ministro Armando Vara
O juiz Ivo Rosa, do Tribunal Central de Instrução Criminal, decidiu, nesta semana, levantar a caução de 300 mil euros aplicada ao antigo ministro socialista Armando Vara no âmbito da Operação Marquês.
De acordo com a Sábado, que avança a notícia nesta sexta-feira, a decisão do magistrado terá sido fundamentada com o facto de, com o início da instrução do processo, os dos perigos apontados a Armando Vara ficarem atenuados.
No entanto, e segundo o que a revista apurou, o Ministério Público pode recorrer da decisão, considerando que o ex-ministro deve continuar a prestar uma caução no processo, no qual está acusado de dois crimes de corrupção passiva, um de branqueamento de capitais e dois de fraude fiscal qualificada.
Um sorteio eletrónico, realizado no fim de outubro, ditou que seria o magistrado Ivo Rosa o juiz de instrução do mega-processo da Operação Marquês, em que estão acusados vários nomes conhecidos da política, da banca e da PT. O sorteio resumiu-se à escolha entre Carlos Alexandre e Ivo Rosa, os dois únicos juízes desta instância judicial.
A Operação Marquês, cuja fase de instrução começa na última semana de janeiro, culminou na acusação a um total de 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.
José Sócrates, que chegou a estar preso preventivamente durante dez meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.
Armando Vara foi recentemente condenado a cinco anos de prisão no âmbito de um outro processo, o Face Oculta. Uma vez que esgotou todo os recursos na Justiça, o antigo ministro deve chegar à instrução da Operação Marquês já em cumprimento de pena.
Armando Vara tem 64 anos e é um ex-político e administrador bancário. Passou pela administração da Caixa Geral de Depósitos, cargo que deixou de exercer para assumir a vice–presidência do Banco Comercial Português. Foi também deputado na Assembleia da República.
No governo de António Guterres, foi secretário de Estado da Administração Interna e secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna. Após a vitória eleitoral do Partido Socialista em 1999, tornou-se ministro-adjunto do primeiro-ministro, com os pelouros da Juventude, Toxicodependência e Comunicação Social.
Em 2010, foi contratado pela Camargo Corrêa África para liderar o Conselho de Administração, cargo que abandonou em 2014.
Fonte: ZAP