O autor do roubo de armas de guerra em Tancos já foi detido. Trata-se de um ex-militar de 45 anos, identificado como traficante de droga e de armas, que teve a cumplicidade da Polícia Judiciária Militar e de elementos da GNR de Loulé para entregar o material roubado.
As detenções do director-geral da Polícia Judiciária Militar, o coronel Luís Augusto Vieira, e de mais três elementos desta entidade, bem como do comandante e de outros dois elementos da GNR de Loulé, integram-se na investigação feita pela Polícia Judiciária (PJ) ao misterioso aparecimento das armas roubadas em Tancos.
A PJ Militar e elementos da GNR de Loulé terão ajudado o ex-militar que roubou as armas a devolver o material. Uma forma de desviar as atenções do autor do roubo, de “matar a investigação inicial” ao furto e de “ficar com os créditos da descoberta das armas”, como aponta o jornal i.
Os militares detidos nesta terça-feira “são suspeitos de terem encenado a entrega, em cumplicidade com o próprio autor do roubo”, ignorando o crime cometido por este e não o reportando à PJ que estava a investigar o furto das armas, como destaca na sua edição de hoje o Diário de Notícias.
O Público destaca que o mentor do roubo é um ex-militar de 45 anos, residente no Algarve e identificado como traficante de droga e de armas, que já terá sido detido pela PJ.
Este ex-militar terá recorrido a informações privilegiadas, através de antigos colegas no Exército, para planear o roubo das armas do paiol de Tancos.
Mas depois do caso do roubo ter assumido proporções tão grandes, terá resolvido devolver as armas. Foi então, que contactou um ex-colega no Exército, um soldado do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé que, por seu lado, contactou um sargento que conhecia alguém na PJ Militar do Porto, como relata o jornal i.
A devolução das armas foi então preparada entre o autor do roubo, a PJ Militar e elementos da GNR de Loulé. “Para disfarçar” até se “terá inventado a chamada anónima em que se avisou que o material estaria na Chamusca”, onde foi encontrado, como destaca o i.
Impedir “que a Justiça fosse feita”
Fontes da PJ notam que os elementos detidos “agiram com sentimento de impunidade e tentaram inviabilizar que a Justiça fosse feita“, como cita o i. A PJ Militar pretenderia também vingar-se da pressão que estava a sofrer no âmbito das mortes no curso de Comandos, cujo julgamento arranca nesta quinta-feira.
Nas próximas horas, é possível que haja ainda mais detenções. O Ministério Público já solicitou ao Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) a detenção de um militar em missão na República Centro Africana, disseram à Lusa fontes ligadas à Defesa e militares.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu, entretanto, que o inquérito no âmbito do qual decorreram as detenções “é autónomo do instaurado na sequência do desaparecimento de armas ocorrido em Tancos”, e que se reporta às “circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de Outubro de 2017” do “material de guerra furtado”.
Em causa, segundo a PGR, estão “factos susceptíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
Fonte: ZAP